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Petrobras espera se desfazer da Gaspetro até o 2º semestre de 2020

Publicado pela ABTLP

A Petrobras espera conseguir deixar de vez o mercado de distribuição de gás até o final de 2020. Para isso, ela precisa se desfazer da Gaspetro, que reúne 20 distribuidoras. Segundo presidente da estatal, Roberto Castelo Branco, o objetivo é fazer um IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) no mercado de capitais brasileiro.

“Nossa expectativa é que seja possível fazer essa operação no segundo semestre de 2020”, disse o presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, na manhã desta quarta-feira (11) durante encontro com a imprensa na sede da companhia.

Até 2015 a Petrobras era dona exclusiva da Gaspetro. Naquele ano, vendeu 49% da empresa para a japonesa Mitsui, de quem depende agora para poder se desfazer completamente de suas atividades na distribuição de gás.

“Estamos prosseguindo nas conversas com a Mitsui, que num primeiro momento foi contra vendermos as nossas ações”, disse Branco. Segundo ele, a japonesa diz não ter interesse em ser acionista majoritária da empresa para poder ter mais liberdade para expandir seus negócios, mas já se mostra favorável à operação.

“Nós agora vamos sair definitivamente do mercado de distribuição de gás no país”, reiterou o presidente da Petrobras.

Castelo Branco defendeu que a venda da Gaspetro “vai beneficiar, inclusive, alguns estados que querem privatizar a distribuição de gás”.

Venda de refinarias
O presidente da Petrobras se mostrou otimista com a venda das oito refinarias anunciada pela companhia em meados deste ano. A expectativa da estatal é que a venda destes ativos também seja concluída em 2020.

“Estamos felizes, já recebemos várias propostas”, disse Castelo Branco sem revelar detalhes das ofertas. Segundo ele, são, em média, cinco ofertas por refinaria.

A Petrobras não divulgou estimativa de quanto pretende arrecadar com a venda das refinarias. Analistas sugerem que ela pode obter em torno de US$ 20 bilhões. De acordo com o plano estratégico da companhia para o período de 2020 e 2024, o objetivo é arrecadar entre US$ 20 e US$ 30 bilhões com todos os ativos que pretende vender até lá.

Castelo Branco reiterou que a venda das refinarias tem como objetivo trazer concorrência ao mercado de distribuição de gás. Para garantir isso, não será permitido que uma mesma empresa compre mais de uma refinaria na mesma região do país. “A ideia é evitar a formação de carteis regionais”, enfatizou.

Das oito refinarias, quatro já estão em fase vinculante e receberão propostas até o dia 6 de março. São elas Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Landulpho Alves (Rlam), na Bahia; Presidente Getúlio Vargas (Repar) no Paraná; e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.

As outras quatro, que ainda estão abertas à apresentação de ofertas, são a Refinaria Gabriel Passos (REGAP), a Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR).

Venda da Braskem
O presidente da Petrobras voltou a reforçar o interesse da companhia em vender sua parte da Braskem ainda em 2020. Para isso, depende de um acordo com a Odebrecht, sócia majoritária da empresa. Segundo Castelo Branco, a empreiteira, que está em recuperação judicial, diz planejar a venda da Braskem num prazo de 36 meses. Mas a estatal está disposta a brigar para reduzir esse prazo.

“Nós somos 100% opostos a essa ideia. Isso é conversa de quem não quer vender. A nossa parte nós queremos vender em 12 meses”, afirmou Branco.

Uma das possibilidades consideradas pela Petrobras, segundo o seu CEO, é unificar as duas classes de ações (ordinárias e preferenciais) em ordinárias para, então, negociá-las na bolsa de valores. “Nós queremos fazer essa modificação acionária e fazer essa operação via mercado de capitais”, disse Castelo Branco.

Atualmente, a Odebrecht detém 50,1% das ações com direito a voto da Braskem, enquanto a Petrobras detém 47% das ações votantes da companhia.

Comperj
Embora esteja vendendo a maior parte de suas refinarias e tenha planos para vender também termoelétricas, a Petrobras tem planos diferentes para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj.

De acordo com o presidente da companhia, está em estudo a possibilidade de implantar uma termelétrica e uma fábrica de lubrificantes no local como forma de compensar os investimentos bilionários já feitos por lá. Foram mais de US$ 14 bilhões, sem que nada tenha saído do papel.

“Aquilo [o Comperj] é um cemitério da corrupção”, disse Castelo Branco.

Segundo ele, foi assinado um memorando de entendimento com a norueguesa Equinor para analisar a viabilidade de construção de uma planta de energia termelétrica com o gás proveniente do pré-sal.

“É um projeto ainda em estágio preliminar”, enfatizou o presidente da Petrobras.

Ainda segundo Castello Branco, a Petrobras também estuda a possibilidade de utilizar parte dos equipamentos já instalados na área do complexo para servir como uma “refinaria remota” da refinaria de Duque de Caxias para a produção de lubrificantes que ainda têm demanda de importação pelo Brasil.

Atualmente, está em fase de finalização no Comperj uma unidade de processamento de gás natural (UPGN) que liga plataformas de exploração do pré-sal à costa, orçado em cerca de US$ 4 bilhões.

Questionado sobre a possibilidade de participação de empresas chinesas na retomada da construção do Comperj tal qual previsto inicialmente, Castelo Branco disse que ela foi descartada pelos próprios investidores chineses.

“Para falar a verdade, os chineses nem tinham muito interesse nesse projeto não. Foi feito um estudo que apontou que o projeto era economicamente inviável”, disse.

Fonte: G1 – Foto: Sergio Moraes/Reuters

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