Informativos ABTLP

É HORA DE PREPARARMOS A RETOMADA, POR GILBERTO CANTÚ*

Publicado pela ABTLP

Informativo ABTLP

De acordo com levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a indústria automotiva vive o pior momento dos últimos 25 anos. O primeiro quadrimestre de 2016 registrou um índice revelador das dificuldades que o país vive: 50% das linhas de produção, com capacidade para até 5 milhões de veículos por ano, foi paralisada.

O segmento de carros de passeio sofreu em abril uma queda de 21% em relação ao volume de um ano antes. Nas fábricas de ônibus, houve queda de 8% na comparação com abril de 2013. Já a produção de caminhões — de 12,3 mil unidades em abril —, caiu 31,6% na comparação anual e 11% em relação a março.

A dificuldade das montadoras para manter a produção é apenas uma das consequências da crise econômica e política que se agravou tremendamente nos últimos meses. Mas dá uma boa ideia de sua extensão, considerando-se o tamanho e a importância do segmento.

No transporte de cargas, estamos vindo de um cenário que já era ruim no ano de 2015, quando houve retração no volume de cargas e aumento de custos com difícil repasse junto aos clientes.

Nossa capacidade de investimento está totalmente comprometida. A maioria dos empresários não tem condições de renovar a frota e muito menos de ampliá-la. O mais dramático é perceber que o desaquecimento econômico resulta em menor geração de impostos e, em consequência, em perdas para toda a sociedade. A contribuição do setor produtivo para a renda nacional foi gravemente comprometida.

O setor de transporte representa algo em torno de 5% do PIB, gera milhões de empregos diretos e indiretos. Nós transportamos mais de 60% de tudo que é movimentado no Brasil. Somos um setor estratégico que luta para vencer os males que nos afligem há décadas, e que sabemos de cor e salteado: infraestrutura precária, concorrência desleal, falta de fiscalização dos órgãos reguladores, excesso de carga tributária e baixa segurança jurídica.

Os fundamentos da nossa economia estão todos muito deteriorados. O crédito ficou restrito, a demanda segue em queda e, mesmo que as medidas de correção na condução do país venham em breve, é provável que sintamos uma melhora somente a partir de 2018.

É para esse horizonte que temos que olhar. A palavra de ordem é adotar as práticas que tornarão possível a retomada. E isso significa preparar as nossas empresas, adequá-las à realidade, reduzir despesas, buscar ganhos de produtividade. Não é hora de sentar e lamentar, mas de reestruturar, estudar e de participar da luta por um futuro de progresso e crescimento.

* Gilberto Cantú, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar).

Deixe um comentário