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Condição das rodovias brasileiras piora e número de pontos críticos aumenta, diz pesquisa da CNT

Publicado pela ABTLP

O estado geral das rodovias brasileiras piorou em 2019, segundo informações da Pesquisa de Rodovias da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Segundo a CNT, 59% da malha rodoviária pavimentada apresentam algum problema e foram considerados regulares, ruins ou péssimos.

A pesquisa de 2019 analisou 108.863 quilômetros de rodovias federais pavimentadas e os principais trechos de rodovias estaduais.

Segundo a CNT, o principal problema das rodovias está na geometria da via. Esse critério leva em conta a presença de faixa adicional, curvas perigosas e existência de acostamento, por exemplo.

Com relação ao acostamento, 76,3% da extensão das rodovias pesquisadas foram classificados como problemáticos.

Pontos críticos
O número de pontos críticos nas rodovias também aumentou 75% em 2019. Na pesquisa de 2018, a CNT identificou 454 pontos críticos. Esse número saltou para 797 em 2019.

Os pontos críticos são situações registradas ao longo da via que podem trazer graves riscos à segurança, como barreiras e ponte caídas e buracos grandes.

Segundo a CNT, dos 797 pontos críticos, 130 são erosões na pista, 26 são quedas de barreiras e 639 são trechos com buracos grandes. A pesquisa ainda encontrou duas pontes caídas nas rodovias pesquisadas.

O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, afirmou que o grande aumento dos pontos críticos mostra um colapso nas obras das rodovias.

Segundo ele, as obras têm durabilidade “finita” e a ausência de manutenção provoca o desgaste.

A pesquisa estima que a recuperação das rodovias no Brasil, com ações emergenciais, de manutenção e de reconstrução exigiria R$ 38,6 bilhões em investimentos.

Em 2019, segundo dados da CNT, o governo federal autorizou o investimento de R$ 6,2 bilhões nas rodovias. Desse total, R$ 4,78 bilhões foram investidos até setembro.

Segundo Batista, só para a manutenção das rodovias, a CNT estima ser necessário o investimento de R$ 15,8 bilhões.

Ele afirmou que a entidade vê com “preocupação” a proposta de orçamento para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) para 2020, de R$ 4,71 bilhões.

“A tendência é que se não houver um grande esforço a gente corre o grande risco de voltar à era do tapa-buraco, o que é muito negativo”, disse.

Estados
O Amazonas é o estado com as rodovias em piores condições. Segundo a pesquisa, todas as rodovias avaliadas apresentaram algum tipo de problema.

Com relação ao pavimento, por exemplo, em 16,5% das rodovias pesquisadas o pavimento está totalmente destruído. Já no Acre, todas as rodovias analisadas apresentam problemas de geometria, como falta de acostamento ou curvas perigosas.

As melhores rodovias estão nos estados de Alagoas e São Paulo. Em Alagoas, 86,4% das rodovias pesquisadas foram avaliadas como ótimas ou boas. Em São Paulo, 81,8% dos trechos foram considerados bons e ótimos.

Rodovias concedidas
Segundo a pesquisa da CNT, houve piora também nas rodovias concedidas ao setor privado. Em 2019, 25,3% foram avaliadas como regular, ruim ou péssima. No ano passado, eram 18,1%.

A confederação aponta que entre os motivos para a piora estão as concessionárias de rodovias que enfrentam problemas financeiros, principalmente as concessões feitas no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Apesar da piora, as rodovias concedidas ainda apresentam resultados melhores que o das rodovias públicas. As dez melhores ligações rodoviárias do país são de rodovias administradas pelo setor privado. Todos os dez trechos passam por São Paulo.

O melhor trecho é da SP-065/SP-340, que liga Campinas (SP) a Jacareí (SP). O pior é o que liga as cidades de Natividade (TO) e Barreiras (BA). Entre os dez piores trechos rodoviários, nenhum é concedido.

Entre as sugestões para se melhorar a situação das rodovias, está a ampliação do programa de concessões, mas Batista lembrou que a intervenção do Estado ainda é importante.

“A concessão é um bom remédio, mas não vai conseguir solucionar todos os problemas das rodovias brasileira. A atuação do Estado continua sendo muito importante”, afirmou o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.

Fonte: CNT / G1

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