Informativos ABTLP

Você sabe o porquê de os caminhões brasileiros e norte-americanos serem tão diferentes?

Publicado pela ABTLP

Você não precisa ser caminhoneiro nem um fanático por caminhões para notar as imensas diferenças entre os caminhões fabricados no Brasil e aqueles que rodam nas estradas dos Estados Unidos. Apesar de muitas montadoras fazerem parte dos mesmos grupos, como a Freightliner e a Mercedes-Benz, que fazem parte da Daimler Trucks, os projetos para os dois países são completamente diferentes.

O Brasil segue, há muitos anos, o padrão de cabines europeu. Desde 2005, a maioria das montadoras abandonou a produção de caminhões bicudos, e quase todos os modelos produzidos por aqui possuem as cabines frontais, posicionadas sobre o motor.

Nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, por exemplo, o padrão se mantém nos caminhões convencionais, com longos capôs na frente da cabine, e cabines maiores.

Mas, por que essa diferença?
O principal fato que dificulta o uso de caminhões convencionais em nossas terras é a legislação, que limita o comprimento do veículo de para-choque a para-choque, diferente dos EUA.

Por exemplo, cavalos-mecânicos engatados em um semirreboque podem ter até 18,6 metros de comprimento, podendo chegar a 30 metros no caso dos rodotrens, com 9 eixos e 74 toneladas de PBT.

Isso faz com que o espaço para a cabine seja diminuído, em função da carga transportada pelo veículo, para que o transporte siga sendo viável.

Leis semelhantes foram implantadas nos Estados Unidos várias décadas atrás. Mas elas foram revogadas, no ano de 1986, e os cavalos mecânicos deixaram de ser incluídos na medida total do conjunto, permitindo o uso de cavalos-mecânicos muito mais longos. Alguns modelos modificados chegam a ter 10 metros de comprimento somente no cavalo.

Além disso, existe um fator que é a tradição. Nos Estados Unidos, a preferência dos caminhoneiros é pelos caminhões bicudos, tanto que a produção e uso de modelos cara-chata está caindo drasticamente, ano após ano.

Outra questão diz respeito a aerodinâmica. No Brasil, a velocidade máxima de um caminhão é de 90 km por hora na maioria das rodovias. Já nos EUA, algumas estradas permitem que caminhões circulem a impressionantes 85 milhas por hora, ou cerca de 137 km/h.

Nesse caso, um caminhão bicudo gasta menos combustível do que um modelo cara-chata.

E, para finalizar, os caminhões brasileiros são derivados, em sua maioria, de projetos europeus. Na Europa, que tem cidades muitas antigas, muitas ruas e estradas são estreitas. Os caminhões cara-chata tem uma facilidade maior de manobra do que os modelos bicudos, se saindo melhor nos espaços mais apertados.

São proibidos no Brasil?
O uso de caminhões bicudos no Brasil não é proibida, mesmo os modelos mais longos. E você pode rodar com esses caminhões sem maiores problemas, desde que o conjunto, cavalo e implemento, respeite a Resolução 210/2006 do Contran, que estabelece as medidas para os caminhões, de acordo com o tipo de conjunto.

E você pode inclusive importar caminhões Zero KM de outros países para usar aqui, mesmo no transporte de cargas. O que acaba inviabilizando isso são as tarifas de importação e a burocracia brasileira.

Os modelos usados também podem ser importados, desde que tenham mais de 30 anos, para fins de coleção.

Um caminhão Zero KM top de linha nos Estados Unidos custa cerca de US$ 180 mil, variando conforme especificações e acessórios. Esse valor, em conversão direta, fica em R$ 966.000, considerando o Dólar na cotação de hoje, em R$ 5,37.

Mas se prepare para pagar mais que o valor do veículo em tributos e custos de importação, deixando o valor de um caminhão americano importado acima dos R$ 1,8 milhão.

Um caminhão produzido aqui, com cabine frontal, top de linha, custa cerca de R$ 700 mil. Ou seja, é possível comprar quase três caminhões brasileiros com o valor de um caminhão americano.

Grandes cabines e grandes potências?

Diferente do que muita gente acha, apesar das cabines enormes, com camas grandes, geladeira, forno, armários, e até banheiros em alguns casos, os caminhões produzidos nos Estados Unidos não são tão potentes como parecem. Na verdade, a maioria dos modelos tem potências na faixa dos 450 a 500 cavalos, como acontece no Brasil.

Encomendas podem ser feitas com motores mais potentes, como o Cummins X15, que oferece 605 cavalos.

Alguns modelos, como o Volvo VNL, recebem denominações como 860 junto do nome, parecendo se referir à potência, mas na verdade se referem ao tipo de cabine, nesse caso o maior leito disponível, com teto alto.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Deixe um comentário