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Indústria Química promove seu 28º Encontro Anual

Publicado pela ABTLP

Com transmissão pelo canal da Abiquim no YouTube, foi promovido nesta segunda-feira, 4, o 28º Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq). Realizado pelas Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o evento contou com o apoio institucional do Sistema CFQ/CRQs. O CRQ-IV/SP foi representado pelo presidente Hans Viertler e pelo assessor de relações institucionais, José Lupércio Zerbinatti.

Durante a abertura, André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, falou da importância do setor químico e defendeu uma política industrial sustentável, destacando a importância de se adotar uma matriz energética baseada em fatores renováveis.

A presidente do Grupo Solvay no Brasil e na América Latina, Daniela Manique, que também é Presidente do Conselho Diretor da Abiquim, lembrou que a química está na base de tudo. “A indústria química brasileira tem um potencial fantástico”, afirmou, lembrando que nossa matriz energética é muito mais limpa e sustentável do que a de nossos concorrentes. “Mas essa indústria precisa de apoio, de proteção contra concorrentes que agem deslealmente e trazem produtos abaixo de seu custo de produção apenas para garantir participação no nosso mercado”, alertou. “Temos tudo para liderar a indústria química do futuro, a indústria química verde, e o Brasil poderá ser uma referência para o mundo nesse setor”, concluiu a executiva.

O Secretário do Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado de São Paulo, Jorge Lima, destacou os números da indústria química dentro do estado. Ele falou sobre os gargalos que afetam o setor, como a guerra fiscal e o adensamento urbano próximo ao Polo Petroquímico do Grande ABC, que classificou como um problema terrível.

O Deputado Federal Afonso Mota (PDT-RS), Presidente da Frente Parlamentar da Química, saudou as mulheres que atuam na liderança de empresas químicas, como Daniela Manique, e lembrou que a indústria química tem um significado estratégico para o país e para a competitividade, ressaltando a importância do Regime Especial para a Indústria Química (Reiq), recentemente reinstituído pelo governo federal. “Não estamos buscando um privilégio para a indústria, mas um tratamento especial, porque o Brasil precisa ter condições de competir no cenário global”, destacou.

Geraldo Alckmin, Presidente da República em Exercício, disse que o governo tem noção das dificuldades de competitividade do setor. “Questões geopolíticas fizeram cair os preços e aumentaram as importações, e o custo Brasil dificulta a competividade”, comentou. Ele disse que o governo reviu medidas da gestão passada e aumentou o imposto de importação de insumos químicos, como resinas de polímeros. Outra medida foi a volta do Reiq, que reduz o PIS e a Cofins para insumos como nafta, tolueno, benzeno, diminuindo a carga tributária e incentivando os investimentos.

Sustentabilidade – O primeiro bloco do encontro teve como tema “A indústria química sustentável do presente e do futuro”. Na pauta, as contribuições da indústria química para atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).

A primeira pergunta foi: como o setor químico pode atingir os objetivos da ONU? Quem respondeu foi Roberto Noronha Santos, Presidente da Unigel. Ele disse que a indústria química é a solução, não o problema e que o Brasil tem todos os elementos para ser líder em energia renovável e sustentabilidade. Santos destacou um projeto da Unigel, que está construindo no Brasil a primeira planta de hidrogênio e amônia, que será a maior do mundo quando estiver funcionando. “Hidrogênio e amônia verde serão os vetores desse processo”, destacou.

A seguir, Roberto Bischoff, presidente da Braskem, explicou como a indústria química está avançando no uso de matérias-primas renováveis. O executivo iniciou sua fala abordando o problema de afundamento do solo em curso em Maceió e os problemas nas antigas minas de sal-gema. Listou as medidas adotadas pela Braskem para enfrentar o problema, como a realocação de pessoas das áreas de risco; o fechamento de minas e as obras sociais lançadas na região. Quanto às matérias-primas renováveis, disse que elas são um acelerador do processo de descarbonização, mas esta discussão tem diferenças de regulação e progresso no mundo. “O Brasil é uma grande plataforma que pode ter um papel fundamental de abundância de biomassa para uma matriz energética limpa”, afirmou.

Como o setor tem evoluído em relação à economia circular? Quem respondeu à pergunta foi Reinaldo José Kröger, vice-presidente da Innova. Ele avaliou que há um longo caminho a ser percorrido. “O Brasil tem 5.600 municípios, mas temos no máximo 500 ou 600 com coleta seletiva de lixo”, alertou. Por outro lado, temos uma tributação que não estimula a economia circular; do lado das empresas é preciso estimular catadores, eles precisam ser mais bem remunerados e ter um tratamento mais humano. Uma das soluções seria a criação de um fundo para remunerar a reciclagem, os catadores e suas cooperativas.

O painel seguiu com outros questionamentos que podem ser conferidos na transmissão disponível no YouTube.

Futuro – Na sequência, “Expectativas para o futuro com a criação de políticas industriais para o desenvolvimento sustentável – O presente e o futuro na visão do Governo” foi o tema discutido por Verena Hiltner Barros, secretária executiva do Comitê Executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviço, e por Maurício de Oliveira Abi-Chahin, Coordenador Geral de Monitoramento de Política Setorial do Ministério de Minas e Energia.

O painel foi mediado pelo economista Paulo Gala. Segundo ele, apesar da assimetria entre a produção industrial do Brasil e do mundo, especialmente com a China e os Estados Unidos, o Brasil tem a maior produção industrial limpa do planeta e esse é o nosso grande trunfo. Entretanto, é necessária uma política industrial que ajude o país a competir com um mundo que produz em uma escala gigantesca.

Em sua fala, Verena Barros explicou que o CNDI tem por missão propor uma política de desenvolvimento industrial ao presidente da república, o que deverá ser feito na próxima semana. O CNDI foi estruturado em seis missões de desenvolvimento industrial, com foco nos seguintes temas: segurança alimentar, nutricional e energética; as vulnerabilidades do SUS e a ampliação do acesso a saúde; integração produtiva e bem-estar nas cidades; ampliação da produtividade; garantia dos recursos para as futuras gerações; soberania e a defesa nacionais.

Mauricio Oliveira falou sobre “Gás para Empregar”, projeto composto por comitês que se debruçam sobre os temas da disponibilidade de gás natural, acesso ao mercado de gás natural, o modelo de comercialização, o gás para setor produtivo e o papel do gás natural na transição energética. O objetivo é que haja um melhor aproveitamento do gás natural nacional, e que ele chegue ao setor produtivo com preço melhor, contribuindo para a geração de emprego e aumento da competitividade internacional.

As discussões seguiram com o tema “A indústria química e o meio ambiente no Brasil”, abordado por Thaiane Resende, Diretora do Departamento de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança de Clima, e por Fernanda Romero, Gerente de Políticas para Químicos e Poluição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O painel foi moderado por Fabrício Soler.

Competitividade – O painel seguinte contou com a participação de representantes dos setores automotivo, cuidados pessoais, embalagens, fertilizantes e construção civil, que falaram sobre a importância da indústria química para o desenvolvimento de produtos inovadores e sustentáveis em seus ramos de atuação.

Marcelo Queiroz, vice-presidente da Ancor, discorreu sobre o setor de embalagens, o qual tem potencial de crescimento. Segundo ele, a Ancor está focada agora em simplificação. A empresa tem 20 plantas na América Latina e os clientes cada vez mais, principalmente as multinacionais, estão demandando sustentabilidade. Além da inovação voltada à simplificação e ao meio ambiente, precisamos dar as mãos para contribuir com o planeta, finalizou.

Luiz Cornachioni, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, afirmou que o setor de tintas do Brasil é o quinto maior do mundo. Temos na indústria química nossa principal fonte de fornecimento de matéria-prima e estabelecemos metas para 2030 em relação a sustentabilidade. É importante vislumbrar o crescimento de nossa indústria e temos todas as condições de avançar.

Representante da indústria de plásticos, José Ricardo Roriz Coelho disse que o setor reúne 12,3 mil empresas no Brasil que transformam e reciclam plástico. Hoje produzimos cerca de 6,7 milhões de toneladas e temos capacidade de reciclagem de 2,3 milhões de toneladas. Ele disse que o plástico está presente em todas as cadeias produtivas e o maior mercado é o de construção, seguido pelo de embalagens de alimentos. Quanto à sustentabilidade, disse que o objetivo é tornar o plástico mais amigável para a sociedade, o que significa adotar a economia circular.

Paulo Engler, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla), ressaltou a importância do Instituto Nacional do Desenvolvimento da Química. Somos 8.170 fábricas de produtos de limpeza no País e estamos em 1.000 municípios. Ele ressaltou o papel importante da indústria química no setor e os altos custos dos transportes. A indústria de produtos de limpeza bateu seu recorde em 2019 e aproveita toda a megaestrutura química do país.

João Carlos Basílio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria a Cosméticos (Abipec), salientou que, até setembro, o crescimento do setor estava acima dos 23%, porcentual que deverá ser mantido até o final do ano. “Dentro do guarda-chuva da indústria química somos o único setor que tem superávit na balança comercial. Geramos oportunidades de trabalho para mais de 5,7 milhões de pessoas no Brasil, temos mais de 3,8 mil indústrias capacitadas para produzir. Somos o segundo país do mundo a lançar produtos mais que qualquer país, só perdendo para os Estados Unidos”, salientou Basílio.

Números – O evento incluiu duas palestras: “Perspectivas da economia global e impacto na economia local” proferida pela jornalista Juliana Rosa, especialista em economia, e “Apresentação do mercado e balanço do setor químico”, ministrada por André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim.

Segundo Cordeiro, o desempenho da indústria química brasileira indicou que o ano de 2023 exigiu mais uma vez a resiliência do setor. Enquanto em 2022 o faturamento líquido foi de 83,2 bilhões de dólares, este ano estima-se que caia para cerca de 60,3 bilhões. Esses números demonstram a necessidade urgente de políticas que garantam a competitividade e a retomada de crescimento para o setor, disse.

Ele afirmou ainda que o Brasil possui uma indústria química madura. “Temos uma enorme gama de energias renováveis, uma enorme síntese de emissão de gases do efeito estufa, defendemos a transição de uma economia linear para uma economia que recicla, redesenha, reutiliza e remanufatura, eliminando descarte inadequado e protegendo o meio ambiente. A indústria química brasileira é uma das que mais emprega esforçar para a redução de gases de efeito estufa, porque sabemos que química é vida”, disse.

Premiações – O Enaiq foi encerrado com a entrega das medalhas da Olimpíada de Química aos alunos que representaram o Brasil em competições internacionais realizadas este ano. Foram agraciados os estudantes João Vitor Ferreira Fonseca, do Colégio Farias Brito (Fortaleza); Enzo Rosenfeld Franco Cabral, do Colégio Etapa (São Paulo); Gabriela Torreão Marques Ferreira, Gabriel Paz Sampaio Aguiar e Artur Galiza Magalhães, ambos do Colégio Ari de Sá (Fortaleza); e Nailton Gama de Castro, do Colégio Master (Fortaleza).

Por fim, foram premiados os vencedores do Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia, promovido pela Abiquim. Na categoria Startup, foi vencedora a Conatus Ambiental. Na categoria Empresa, ganhou a Indorama Ventures. E na categoria Pesquisador foi premiado Flávio Leandro de Souza, do Laboratório Nacional de Nanotecnologia, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais.

Fonte: CRQ – 4° Região São Paulo

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