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Polícia apura se naufrágio ocorreu por excesso de carga; todos os sobreviventes serão ouvidos

Publicado pela ABTLP

Testemunha disse ao delegado que embarcou 110 toneladas de açúcar no navio. Antaq descreve que capacidade é de 242 passageiros ou 89 toneladas de carga. Acidente aconteceu no sábado (29) e 18 corpos já foram encontrados.

A Polícia Civil do Amapá, que abriu inquérito para apurar criminalmente o naufrágio ocorrido com o navio Anna Karoline 3 no sábado (29), começou a ouvir os envolvidos no caso. A ideia é saber, por exemplo, se o acidente aconteceu devido excesso de carga de produtos transportados na embarcação.

Até a noite de segunda-feira (2), 18 corpos foram encontrados, 12 pessoas estavam desaparecidas, e 46 pessoas foram resgatadas do local do naufrágio.

Em depoimento, uma das testemunhas disse para a polícia que embarcou 110 toneladas de açúcar antes do navio sair do porto.

No entanto, ao G1, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) informou que o Anna Karoline 3 tem capacidade para transportar 242 passageiros (sem qualquer carregamento adicional) ou 89 toneladas de carga.

Com essa informação, a investigação, comandada pelo delegado Victor Crispim, da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Santana, apura se houve embarque de mais toneladas de produtos e também de outras pessoas durante o trajeto.

“Com relação à sobrecarga do navio, ainda está no início da investigação e só no final é que nós poderemos afirmar se realmente o navio estava transportando carga acima do limite legal. […] Essa testemunha informou que em conversa com o comandante do navio, o Paulo, além dessas 110 toneladas de açúcar, ele ainda atracaria em outro porto para abastecer mais 30 toneladas de trigo”, declarou Crispim.

O delegado também afirmou que as testemunhas já ouvidas asseguram que um vídeo – que inclusive circulou nas redes sociais – registrou imagens do momento em que a carga de açúcar já havia sido embarcada no navio, antes dele partir para a viagem na sexta-feira (28).

A polícia quer ouvir o Corpo de Bombeiros, a Marinha, a tripulação – incluindo o comandante da embarcação -, a Polícia Técnico-Científica (Politec) do Amapá, e todos os sobreviventes, que ainda serão identificados.

“No decorrer das investigações, vamos fazer a oitiva de todos os sobreviventes do fatídico naufrágio que vai ser crucial para elucidação do fato”, afirmou Crispim.

O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público (MP) estadual também se mobilizam para investigar criminalmente as circunstâncias que envolvem o naufrágio.

O naufrágio
O Anna Karoline 3 saiu por volta das 18h de sexta-feira (28) de Santana, no Amapá, em direção a Santarém, no Pará. A viagem entre as duas cidades dura, em média 36, horas. A previsão de chegada em Santarém era às 6h de domingo (1º).

Mas a viagem foi interrompida na madrugada de sábado, próximo à Ilha de Aruãs e à Reserva Extrativista Rio Cajari, no Rio Jari (veja no mapa abaixo). A região fica a 130 km de Macapá, em um local de difícil acesso e comunicação – o chamado de socorro foi feito às 5h, e o helicóptero de resgate do governo do estado só chegou ao local por volta das 14h de sábado.

O Corpo de Bombeiros afirmou que não há um número oficial de vítimas, pois a embarcação não tem uma lista de passageiros para orientar as buscas, mas o que se sabe é que estavam sendo transportadas no mínimo 60 pessoas.

Além dos 18 corpos encontrados no local do naufrágio, 46 pessoas já foram resgatadas e 12 vítimas foram dadas como desaparecidas.

Sobreviventes descreveram que chovia e ventava forte na hora do naufrágio. A Capitania dos Portos ainda vai investigar o que provocou o acidente.

A prefeitura de Macapá decretou situação de emergência para ajudar familiares de vítimas e sobreviventes, com envio de água mineral, medicamentos, alimentação, roupas, material de higiene pessoal, combustível, e ainda disponibilizando auxílio funeral.

Fonte: G1 Amapá

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