Coliderada pela CNT, Coalizão pela Descarbonização do Transporte atraiu público para a Estação do Desenvolvimento
O auditório da Estação do Desenvolvimento ficou pequeno para acomodar o público interessado no painel “CEBDS apresenta: como tornar o setor de transporte um contribuidor ativo para a redução de emissões brasileiras”. Realizado na terça-feira (11), durante a COP30, o encontro apresentou a trajetória da Coalizão pela Descarbonização dos Transportes, que congrega mais de uma centena de atores comprometidos com soluções sustentáveis para o setor.
Incentivada pelo presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago, a Coalizão surgiu a partir de um entendimento entre a CNT, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), a Motiva e o Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável, do Insper. O esforço conjunto resultou em um plano estratégico que propõe 90 alavancas (ações integradas) que visam reduzir em até 70% as emissões de gases de efeito estufa do setor até 2050.
Entre essas alavancas, três são consideradas fundamentais:
- modificar o mix (matriz) do transporte;
- reforçar o uso de biocombustíveis;
- eletrificar a frota.
“Como representante das empresas do setor e de todos os modais, a CNT se vê na obrigação de liderar a transição energética do transporte. Porém, esse é um trabalho feito a muitas mãos”, afirmou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, na abertura do painel. Em sua fala, ele destacou a importância do advento do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado em 1986, como um marco para colocar o país no caminho da descarbonização.
“Para avançar, há a necessidade de políticas públicas de estímulo à mobilidade urbana em detrimento do uso do transporte individual”, ressaltou o dirigente. Segundo o presidente, essa diretriz precisa estar associada à renovação da frota. “É preciso tirar de circulação o veículo poluidor. Não adianta colocar ônibus elétricos se ônibus velhos continuarem circulando. Para isso, a solução é IPVA progressivo, como já é feito na Europa”, ressaltou. Ele reforçou que essas soluções têm impacto imediato, ao contrário da mudança da matriz, que demanda mais tempo.
“A beleza do plano estratégico é que todas as 90 alavancas são relevantes, embora não haja bala de prata”, continuou Miguel Setas, CEO da Motiva. De acordo com seu entendimento, o país tem um potencial imenso para expandir o uso de biocombustíveis. “Já a eletrificação terá um percurso mais longo. Precisamos compreender que a eletrificação atende a segmentos específicos e que sua rede de abastecimento não seguirá a mesma lógica dos postos de combustíveis atuais”, pontuou.
Para Daniela Mignani, diretora executiva de Gestão do CEBDS, o fato de o Plano Clima, do governo federal, ter aproveitado os resultados apresentados pela Coalizão demonstra que a iniciativa está no caminho certo. “A Coalizão não se encerra quando o documento é entregue. Depois, há uma fase muito importante de advocacy”, sublinhou. Ela explicou que o CEBDS conquistou a confiança dos agentes públicos justamente por sua capacidade de articulação. “Nosso mandato é o que nos é dado pelas empresas. O nível executivo do governo nos requisita quando busca levar uma visão multisetorial para a formulação das políticas públicas”, finalizou.
Mediado por Ana Patrizia, diretora-presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), o painel contou ainda com a participação de Fábio Guido, superintendente de Sustentabilidade do Itaú, e de Bruno Temer, gerente de Sustentabilidade para a América do Sul na Michelin.
Acesse o documento completo com o resultado do trabalho da Coalizão
Fonte/Imagem: Confederação Nacional do Transporte – CNT

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