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Rodoanel Norte inaugura primeiro trecho após mais de uma década de obras

Publicado pela ABTLP

Após mais de dez anos entre paralisações, revisões de projeto e mudanças no modelo de concessão, a primeira etapa do Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas será inaugurada no próximo dia 22 de dezembro, segundo apuração exclusiva do UOL Carros com o Governo de São Paulo.

O segmento a ser entregue liga a rodovia Presidente Dutra à Fernão Dias, entre os quilômetros 129 e 153, e marca a retomada de um projeto concebido ainda nos anos 1990 para retirar o tráfego pesado da cidade de São Paulo – objetivo que, até hoje, ainda não foi plenamente atingido.

A primeira etapa do Rodoanel Norte terá 24 quilômetros de extensão, com pistas duplas e três faixas de rolamento por sentido. O traçado inclui quatro túneis, que somam cerca de dois quilômetros, além de viadutos, acessos e outros equipamentos viários.

O investimento total no Trecho Norte é estimado em R$ 3,4 bilhões, sendo R$ 1,35 bilhão aportado pelo governo estadual e cerca de R$ 2 bilhões pela concessionária responsável pela obra e futura operação.

40 mil veículos por dia

Segundo estimativas do governo paulista, cerca de 40 mil veículos devem circular diariamente pelo novo trecho, sendo mais da metade caminhões e carretas. A expectativa oficial é que aproximadamente 18 mil caminhões deixem de atravessar a cidade de São Paulo todos os dias, o que poderia reduzir entre 6% e 8% as emissões de gases de efeito estufa apenas na capital.

O traçado cruza áreas sensíveis da Serra da Cantareira, com presença de mata atlântica e zonas de preservação ambiental. Por isso, foram implantadas passagens subterrâneas para fauna, além de programas de monitoramento ambiental, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas ao longo da obra.

O que fica para depois

Apesar da inauguração agora em dezembro, o Rodoanel Norte não estará completo. A segunda etapa, que liga a Fernão Dias à avenida Raimundo Pereira de Magalhães, na zona norte da capital, segue em obras e tem previsão de entrega para o segundo semestre de 2026.

Somente com essa conclusão o Trecho Norte passará a se integrar plenamente aos trechos Oeste, Sul e Leste do Rodoanel, formando o anel viário planejado para contornar a Região Metropolitana de São Paulo.

No total, o Trecho Norte terá 44 km de extensão, passando pelos municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá.

Pedágio free flow

Um dos principais pontos de debate em torno do novo trecho é a cobrança de pedágio, que será feita por quilômetro rodado, por meio de pórticos eletrônicos (sistema free flow), sem praças físicas.

A criação de pedágios no Rodoanel Norte é vista pelo setor de transporte como um possível freio à adesão dos caminhoneiros, justamente o público que o projeto original pretendia atrair.

Concebido há cerca de 30 anos, o Rodoanel foi pensado como uma rota alternativa gratuita para desviar o tráfego pesado das marginais e do centro urbano. Ao longo das décadas, porém, mudanças no modelo de financiamento e concessão levaram à adoção de tarifas.

A preocupação é que, diante do pedágio, que ainda não teve seu preço divulgado, parte dos caminhoneiros continue optando por atravessar a cidade, reduzindo o impacto positivo esperado na mobilidade urbana e no meio ambiente.

Por que obra demorou tanto
Foto de dezembro de 2022 mostra obra do Rodoanel Norte próxima de Arujá, na Região Metropolitana de SP
Foto de dezembro de 2022 mostra obra do Rodoanel Norte próxima de Arujá, na Região Metropolitana de SPImagem: Eduardo Knapp/Folhapress

O Trecho Norte é o último e mais problemático segmento do Rodoanel. As obras começaram em 2013, mas foram paralisadas em 2018, acumulando disputas contratuais, entraves ambientais e dificuldades financeiras do modelo original.

O projeto passou por revisões de traçado, reavaliação de licenças ambientais e, posteriormente, por um processo de relicitação, que resultou em um novo modelo de concessão patrocinada, com aporte direto do Estado.

As obras só foram efetivamente retomadas em abril de 2024, já no governo Tarcísio de Freitas. Segundo o Executivo paulista, o cronograma atual está seis meses adiantado em relação ao previsto no novo contrato, com 59% de execução registrada até agora.

Impacto logístico e limites do projeto

Além da promessa de aliviar o trânsito urbano, o governo afirma que o novo trecho deve facilitar o acesso ao Porto de Santos, ampliando a capacidade logística para o escoamento da produção nacional e fortalecendo a integração entre o Sudeste e o Nordeste pelas rodovias Dutra e Fernão Dias.

Na prática, porém, especialistas ressaltam que os benefícios plenos só serão percebidos após a conclusão total do trecho. Depois de mais de uma década, a inauguração marca um avanço concreto, mas ainda não encerra a longa história de atrasos e ajustes do maior projeto viário do estado.

Fonte:  UOL | Imagem: Via Appia

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