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Pesagem em movimento: ANTT encerra Sandbox Regulatório e inaugura novo futuro para as rodovias brasileiras

Publicado pela ABTLP
Encontro consolidou um marco histórico para a modernização da fiscalização de peso no transporte rodoviário de cargas

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizou, na manhã desta segunda-feira (25/8), o Workshop de Encerramento do Sandbox Regulatório de Pesagem em Movimento na Velocidade da Via (HS-WIM). O evento, realizado na sede da Agência em Brasília e transmitido pelo YouTube, reuniu autoridades, concessionárias, especialistas e representantes da sociedade para apresentar resultados e projetar os próximos passos dessa transformação tecnológica. O encontro consolidou um marco histórico para a modernização da fiscalização de peso no transporte rodoviário de cargas, aproximando o Brasil das melhores práticas internacionais em eficiência, inovação e segurança viária.

O HS-WIM (High-Speed Weigh-in-Motion) é uma solução inovadora que permite a pesagem automática de caminhões sem a necessidade de paradas, utilizando sensores instalados no asfalto e câmeras em pórticos. Testada nas BRs 364 e 365, em Minas Gerais e Goiás, em parceria com a concessionária Ecovias do Cerrado, a tecnologia foi homologada pelo Inmetro e agora está pronta para ser implementada em contratos de concessão rodoviária. Na prática, é uma tecnologia disruptiva para as rodovias brasileiras.

O modelo elimina filas em postos de pesagem tradicionais, amplia a fiscalização para toda a frota em circulação e garante benefícios diretos à sociedade: mais segurança viária, redução de custos logísticos, menor impacto ambiental e fluidez no tráfego.

Resultados expressivos e aprendizados institucionais

Em apenas dois anos de execução, o Sandbox Regulatório trouxe avanços equivalentes a duas décadas de esforços anteriores. Dados preliminares já apontam ganhos expressivos, como a identificação de cerca de 10% dos veículos com excesso de peso e a estimativa de redução de até 20% nas emissões de gases de efeito estufa.

Além dos resultados técnicos e operacionais, o projeto trouxe aprendizados institucionais que servirão de base para novas abordagens regulatórias da Agência.

Debates e perspectivas futuras

O workshop contou com três grandes painéis:

  • Painel 1 – Metodologia, resultados e aprendizados do Sandbox: apresentou critérios técnicos, marcos operacionais, confiabilidade dos dados e impactos regulatórios, com a participação da Ecovias do Cerrado, ANTT, Inmetro, Grupo Kistler e PRF.
  • Painel 2 – Futuro da regulação e inovações tecnológicas no transporte de cargas: debateu os desafios para adoção do HS-WIM em larga escala e novas perspectivas regulatórias, com participação da ANTT e Senatran.
  • Painel 3 – Percepção do setor público e privado: reuniu ANTT, DNIT, ARTESP, ARTEMIG e ABCR, evidenciando o consenso de que o HS-WIM inaugura uma nova era de integração entre tecnologia, fiscalização e experiência do usuário.
Imagem de obra

Um dos pontos de destaque foi o debate conduzido pelas áreas técnicas da SUROC, SUCON e SUROD, que reforçaram o potencial econômico e regulatório da tecnologia. Enquanto um posto de pesagem veicular (PPV) tradicional demanda investimentos de até R$ 25 milhões, a instalação de um sistema HS-WIM tem custo em torno de R$ 10 milhões — valor que tende a se reduzir com a expansão da tecnologia.

Além da economia em capital inicial, o OPEX (custos operacionais) também é significativamente menor, uma vez que o processo é totalmente automatizado. Esse ganho de eficiência impacta diretamente na tarifa de pedágio e gera benefícios concretos ao usuário.

Outro ponto destacado é que o HS-WIM permite fiscalizar 100% dos caminhões em circulação, protegendo o pavimento rodoviário do desgaste precoce causado por veículos com excesso de carga. Esse avanço representa não apenas maior segurança viária, mas também a preservação do principal ativo das concessionárias: a rodovia.

A SUROD reforçou ainda que, além da previsão de instalação em novos contratos de concessão, a ANTT já trabalha para viabilizar termos aditivos que permitam a atualização contratual e a inclusão da tecnologia em concessões em andamento.

O diretor-geral da ANTT, Guilherme Theo Sampaio, destacou o caráter coletivo da construção. “Transformamos uma ideia disruptiva em realidade concreta. O HS-WIM vai acabar com filas em balanças estáticas e inaugurar rodovias mais modernas, seguras e sustentáveis. Este é um projeto fruto da união entre o público, o privado e o olhar do usuário”, disse.

Para a Ecovias do Cerrado, que esteve à frente dos testes, o encerramento do Sandbox marca o início de uma nova etapa. O diretor-superintendente, Matheus Fernandes, disse que foram dois anos muito produtivos de trabalho intenso e conjunto entre a concessionária, ANTT e INMETRO. “Hoje vemos que esse projeto ganha escala e estará presente em todas as rodovias do país em breve, com ganhos comprovados em eficiência, sustentabilidade e segurança viária”, explicou.

O diretor de Metrologia Legal do Inmetro, Marcelo Morais, ressaltou a relevância do avanço regulatório e tecnológico. “Esse era um desafio perseguido há mais de 15 anos. Em dois anos, alcançamos resultados que transformam a metrologia aplicada às rodovias e impactam diretamente a vida do cidadão brasileiro”, celebrou.

Já o presidente da ABCR, Marco Aurélio Barcelos, destacou a liderança e o protagonismo regulatório da Agência. “A ANTT reafirma seu papel ao unir inteligência regulatória e inovação tecnológica. O HS-WIM é mais uma ferramenta que moderniza as concessões e melhora a experiência do usuário nas estradas”, concluiu.

Um novo paradigma para a regulação

O encerramento do Sandbox não representa o fim de um projeto, mas o início de uma nova fase da regulação brasileira. A iniciativa mostra que tecnologia e fiscalização podem caminhar juntas para promover rodovias mais seguras, modernas e sustentáveis, consolidando a ANTT como referência em inovação regulatória e abrindo caminho para que o Brasil alcance padrões internacionais de eficiência no transporte de cargas.

 

Fonte: Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT | Fotos: Rebeca Takechi / Comunicação ANTT

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