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O que muda no trânsito com as férias escolares?

Publicado pela ABTLP
Redução no fluxo urbano, aumento nas rodovias e novos riscos exigem atenção redobrada de motoristas e pedestres.

Com a chegada das férias escolares de julho, o trânsito brasileiro passa por mudanças significativas — tanto nas cidades quanto nas estradas. Menos veículos nos horários de pico, maior circulação de pedestres em áreas de lazer e o aumento do movimento nas rodovias são apenas algumas das transformações que impactam diretamente a segurança viária. Entender esse novo cenário é essencial para evitar acidentes e garantir um período de descanso mais tranquilo para todos.

De acordo com especialistas, embora a redução de veículos nas vias urbanas traga certo alívio ao tráfego em horários tradicionalmente críticos, o período exige adaptações no comportamento de motoristas, ciclistas e pedestres.

“É um erro achar que, só porque o trânsito está mais leve, podemos relaxar na atenção. As férias trazem novos desafios, como o aumento da circulação de crianças e adolescentes, muitas vezes desacompanhados de adultos, e um tráfego mais intenso em regiões turísticas”, alerta Celso Mariano, especialista em educação para o trânsito e diretor do Portal do Trânsito e da Tecnodata.

Nas cidades: menos congestionamento, mais vulneráveis nas ruas

O fechamento das escolas afeta diretamente os padrões de mobilidade urbana. Os deslocamentos de ida e volta às instituições de ensino, que representam uma parte significativa do trânsito nos horários de pico, especialmente nas grandes cidades, deixam de ocorrer. O resultado é uma aparente fluidez maior nas vias.

“Na prática, isso muda o ritmo da cidade”, observa Celso Mariano. “Motoristas percebem menor lentidão e, muitas vezes, se sentem mais à vontade para acelerar. Mas esse comportamento pode ser perigoso, já que há mais crianças nas calçadas, atravessando ruas para ir a parques, cinemas, shoppings ou mesmo andando de bicicleta”, aponta.

O uso do transporte público também sofre alterações. Linhas que atendem diretamente escolas registram queda no número de passageiros, enquanto linhas voltadas a áreas comerciais e de lazer podem ter aumento de demanda. Os gestores de trânsito, inclusive, costumam ajustar o funcionamento de semáforos e transportes coletivos nesse período, para atender à nova realidade.

Além disso, em muitas cidades, ocorrem obras e manutenções aproveitando o menor fluxo. Essas intervenções podem causar interdições temporárias e exigir atenção redobrada por parte dos condutores.

Nas estradas: aumento do fluxo e maior risco de sinistros

Se nas cidades o trânsito tende a ficar mais leve, nas rodovias o movimento se intensifica. Viagens em família, excursões e deslocamentos para cidades do interior ou pontos turísticos geram aumento considerável no tráfego intermunicipal e interestadual, especialmente nos finais de semana.

De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o mês de julho está entre os períodos com maior número de sinistros em rodovias, sobretudo envolvendo veículos de passeio. O excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, fadiga ao volante e falta de revisão veicular estão entre os fatores mais comuns que levam a acidentes. “O planejamento da viagem é fundamental”, reforça Celso Mariano.

“É preciso cuidar da manutenção do veículo, revisar pneus, freios, luzes, além de respeitar os limites de velocidade e os períodos de descanso. Famílias que viajam com crianças devem garantir o uso correto de cadeirinhas e dispositivos de retenção”, orienta.

Além do risco de acidentes, o aumento do fluxo nas estradas pode gerar lentidão em trechos críticos, pedágios e acessos a regiões turísticas. A recomendação é evitar horários de pico, como as manhãs de sábado e tardes de domingo, e consultar previamente as condições das rodovias.

Cuidados especiais com crianças

As férias também trazem maior exposição das crianças ao trânsito, especialmente nos bairros residenciais. Muitas brincam nas calçadas, andam de bicicleta nas ruas ou circulam sozinhas por pequenos trechos. Isso exige atenção extra dos condutores, mesmo em ruas tranquilas.

“Motoristas devem reduzir ainda mais a velocidade em áreas residenciais e escolares, mesmo que estejam sem aula. Uma bola que escapa ou uma bicicleta que surge de repente pode significar uma tragédia se não houver prudência”, explica Celso Mariano.

Já os pais e responsáveis devem reforçar com as crianças orientações básicas de segurança, como olhar para os dois lados ao atravessar a rua, utilizar passarelas e faixas de pedestres, e nunca correr entre os carros.

Conscientização e responsabilidade coletiva

As mudanças no trânsito durante as férias escolares são temporárias, mas os efeitos de atitudes irresponsáveis podem ser permanentes. Por isso, a educação para o trânsito e o respeito às normas continuam sendo os pilares da segurança viária.

“Trânsito seguro não é uma questão de sorte. É o resultado de escolhas conscientes. As férias são um momento de descanso e lazer, mas também de atenção e cuidado, principalmente quando estamos ao volante”, conclui Celso Mariano.

Fonte: Portal do Trânsito | Foto: ArkadijSchell para Depositphotos

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