Cerimônia reuniu vencedores, jurados e representantes do setor para premiar reportagens que ampliaram o debate sobre transporte no país
O fotojornalismo voltou a ocupar o centro da premiação na 32ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo, pela segunda vez em mais de três décadas. A cerimônia de entrega dos troféus foi realizada na noite desta quarta-feira (10), em Brasília, e destacou a força da imagem e a inovação nas histórias sobre transporte. O Grande Prêmio foi entregue ao Metrópoles pela série fotográfica “Um Brasil que desmorona: desabamentos de pontes atrasam o país”, de Breno Esaki, que expôs, em diferentes regiões do país, o impacto social e econômico do colapso de pontes brasileiras.
O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, afirmou que o Prêmio amplia a compreensão sobre o setor. “Assim como o transporte pode buscar novos caminhos, o jornalismo tem a capacidade de apontar direções, esclarecer desafios e contar para a sociedade as mudanças que movem o povo”, disse.
A avaliação dos trabalhos ficou a cargo de um corpo de jurados formado por representantes da imprensa, do meio acadêmico e do setor de comunicação. Para o jurado Flávio Ferreira, da Folha de S.Paulo, a seleção exigiu rigor. “Foi uma grande responsabilidade e uma grande dificuldade ante a altíssima qualidade dos trabalhos inscritos”, afirmou.
Ao receber o Grande Prêmio, Breno Esaki ressaltou o papel do fotojornalismo na memória coletiva e na mobilização social. “O fotojornalismo ainda cumpre seu papel na sociedade e prova seu valor a cada clique”, disse.
Além de reconhecer os melhores trabalhos do ano, o Prêmio CNT de Jornalismo celebra o próprio fazer jornalístico ao prestar homenagem a um profissional cuja trajetória contribui, de forma decisiva, para qualificar o debate sobre mobilidade e infraestrutura no país. Em 2025, o homenageado foi Daniel Rittner, diretor de Jornalismo da CNN Brasil, em reconhecimento à sua destacada trajetória em coberturas sobre infraestrutura de transporte.
Além do Grande Prêmio, foram premiados trabalhos em sete categorias: Comunicação Setorial; Áudio; Fotojornalismo; Texto; Multiplataforma; Vídeo; e Meio Ambiente e Transporte.
Veja o que disseram os premiados e conheça os trabalhos vencedores
Grande Prêmio – Breno Esaki (Metrópoles)
“Fico lisonjeado em receber esse Grande Prêmio. Em uma era de tantas informações, milhares de imagens produzidas e reproduzidas por segundo, o fotojornalismo ainda cumpre seu papel na sociedade, como ferramenta de importante memória coletiva. Desejo que cada fotojornalista se sinta representado e reconhecido por este prêmio.”
A série de imagens “Um Brasil que desmorona: desabamentos de pontes atrasam o país” mostra, com força e sensibilidade, os impactos do descaso com a infraestrutura de pontes no Brasil, retratando as perdas humanas, sociais e econômicas provocadas pela falta de investimentos em manutenção.
Texto – Cláudio Ribeiro (O Povo/CE)
“Premiações ajudam a referendar bons trabalhos de jornalismo. O Prêmio CNT tem um peso enorme entre os principais do país, por isso eu me sinto muito honrado. É uma conquista que já guardo com destaque.”
A série “Como age a quadrilha que despacha cocaína pelo Pecém há 6 anos”, que investiga a atuação de um grupo criminoso envolvido no tráfico internacional de drogas por portos cearenses. O trabalho detalha as operações e a estrutura da organização criminosa, evidenciando os desafios da segurança no transporte marítimo.
Áudio – Mariana Reis (BandNews BH – MG)
“Vencer um dos prêmios mais importantes do país é uma honra enorme. Esse reconhecimento reforça como o jornalismo é poderoso quando lança um olhar atento sobre as pessoas por trás das estatísticas. Ser premiada entre centenas de trabalhos inscritos é algo muito especial”
A série “No meio do caminho”, que traz relatos emocionantes de moradores que vivem às margens de rodovias e trilhos em Belo Horizonte (MG) e precisam deixar suas casas para dar lugar a grandes obras de mobilidade urbana.
Vídeo – Carlos de Lannoy (TV Globo)
“Ser premiado foi uma surpresa que encheu a equipe de orgulho, especialmente diante do alto nível dos concorrentes. É o reconhecimento de um trabalho sério que o Fantástico realiza há 50 anos”
Com “Emendas derretem no asfalto”, reportagem que mostra como emendas parlamentares destinadas à infraestrutura acabam desperdiçadas em obras inacabadas ou mal executadas. O caso de uma estrada na Bahia cujo asfalto recém-inaugurado derrete sob o sol ilustra, de forma contundente, as falhas de gestão e fiscalização.
Fotojornalismo – Domingos Peixoto (O Globo)
“Foi o primeiro prêmio de fotojornalismo que recebi na vida e, hoje, sou penta. O Prêmio CNT sempre incentivou nossa vigilância sobre tudo o que se move no Brasil. Mostramos, com o olhar, os anseios de quem depende do transporte no dia a dia”
O ensaio “Tempo perdido”, que denuncia o sucateamento da Supervia e a realidade enfrentada pelos passageiros, que convivem diariamente com superlotação e insegurança.
Meio Ambiente e Transporte – Theyse Viana (Diário do Nordeste – CE)
“Receber o Prêmio CNT é uma realização indescritível. Fico especialmente orgulhosa por vencer entre tantas produções excelentes. É uma reportagem que mostra como transporte e qualidade de vida estão interligados, e como as mudanças são urgentes”
A reportagem “Na contramão do clima: fuga de passageiros enfraquece ônibus de Fortaleza e incha vias públicas com transportes individuais”. O trabalho mostra os impactos ambientais do crescimento do transporte individual e a urgência de políticas que fortaleçam o transporte coletivo sustentável.
Comunicação Setorial – Gabriela de Moraes (Sindiônibus – CE)
“Receber esse prêmio é especial não só por ter nosso trabalho reconhecido, mas por evidenciar o valor da comunicação setorial em um dos maiores prêmios do país. Ser bicampeã mostra que consistência e comprometimento fazem diferença. É a confirmação de que estamos no caminho certo”
Com a terceira temporada do podcast “De Ponto a Ponto”, que aborda o transporte coletivo em Fortaleza sob diferentes perspectivas, destacando seu papel para a mobilidade, inclusão e qualidade de vida da população.
Multiplataforma – William Cardoso (Metrópoles)
“Receber o Prêmio CNT na categoria multiplataforma é uma satisfação enorme. É o reconhecimento de um esforço para mostrar os desafios enfrentados pelos entregadores — uma atividade que impacta toda a sociedade”
Com o especial “Mete marcha: gamificação coloca entregadores do iFood em risco”, que revela como a lógica de pontuação da plataforma pressiona entregadores a assumir riscos e enfrentar jornadas exaustivas. A reportagem combina textos, vídeos, fotos e um minidocumentário que expõem as consequências dessa dinâmica sobre a saúde e segurança dos profissionais.
Fonte/Imagem: Confederação Nacional do Transporte

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