Informativos ABTLP

Dirigir com sono é tão perigoso quanto alcoolizado: como evitar esse risco invisível?

Publicado pela ABTLP
Fadiga ao volante está entre as principais causas de sinistros graves no Brasil e no mundo. Saiba por que o sono compromete tanto a direção quanto o álcool — e como se prevenir.

A imagem clássica do motorista alcoolizado é amplamente reconhecida como um perigo à segurança viária. No entanto, há um inimigo silencioso que oferece riscos tão sérios quanto: o sono. Dirigir com sono compromete a atenção, o tempo de reação e a capacidade de tomar decisões — exatamente como acontece sob o efeito do álcool.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fadiga está entre os principais fatores contribuintes para sinistros de trânsito fatais. No Brasil, dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que milhares de ocorrências registradas anualmente têm a sonolência como causa presumida, embora muitas vezes subnotificada.

Como o sono afeta a condução

Estudos mostram que ficar acordado por mais de 18 horas seguidas pode causar um nível de comprometimento cognitivo equivalente a um teor alcoólico de 0,05% no sangue. Se esse tempo chega a 24 horas, os efeitos se equiparam a um teor de 0,10% — acima do limite legal no Brasil.

“Dirigir com sono é uma condição extremamente perigosa, mas ainda subestimada. O condutor perde a noção do tempo de reação, da distância e da percepção de risco. É como se estivesse em estado de entorpecimento, mas sem a consciência disso”, explica Celso Mariano, especialista em trânsito.

Entre os principais efeitos da fadiga ao volante estão:
  • Diminuição da atenção e concentração;
  • Redução do tempo de reação;
  • Dificuldade para manter a direção e a velocidade constante;
  • Micro cochilos (breves apagões que duram de 1 a 5 segundos);
  • Aumento de decisões impulsivas ou erradas.

Um micro cochilo de 4 segundos, a 90 km/h, pode significar 100 metros dirigindo sem qualquer controle do veículo.

Quem está mais vulnerável?

Motoristas profissionais, caminhoneiros, motoristas de aplicativo, trabalhadores em jornada noturna e pessoas com distúrbios do sono (como apneia) estão entre os mais vulneráveis a esse risco. Além disso, dormir menos de seis horas por noite regularmente já é suficiente para comprometer o desempenho ao dirigir.

Mesmo trajetos curtos ou rotineiros não estão livres do risco: a combinação de cansaço acumulado, calor, monotonia e silêncio pode induzir à sonolência mesmo durante o dia.

Legislação e fiscalização

Apesar da gravidade do problema, dirigir com sono ainda não é tratado com o mesmo rigor que a embriaguez ao volante. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não possui um artigo específico sobre o tema.

Em rodovias federais, a PRF realiza campanhas educativas e fiscalizações com foco em pausas obrigatórias para descanso, especialmente para motoristas profissionais.

Como evitar esse risco invisível de dirigir com sono?

A melhor forma de evitar sinistros causados pela sonolência é simples: não dirigir cansado. Veja algumas orientações práticas:

  • Durma bem: O ideal é ter pelo menos 7 a 8 horas de sono por noite.
  • Evite dirigir em horários críticos: Entre 2h e 6h da manhã, o corpo entra naturalmente em estado de maior sonolência.
  • Planeje pausas: Em viagens longas, pare a cada 2 horas por pelo menos 15 minutos.
  • Alimente-se bem e hidrate-se: Evite refeições pesadas antes de dirigir. Evite medicamentos sedativos: Sempre leia a bula e consulte um médico.
  • Não confie em “truques”: Café, música alta ou vento no rosto não substituem o sono.

“O descanso faz parte da direção segura. Nenhum trajeto justifica colocar vidas em risco. Reconhecer os sinais de fadiga e respeitar os limites do corpo é um ato de responsabilidade no trânsito”, reforça Celso Mariano.

Sinais de alerta

É essencial que o condutor saiba identificar os sinais de que está sonolento demais para continuar dirigindo. Alguns deles incluem:

  • Bocejos frequentes
  • Dificuldade em manter os olhos abertos
  • Cabeceio (movimento involuntário da cabeça)
  • Perda de memória sobre o trajeto percorrido
  • Saída involuntária da faixa
  • Sensação de pesadez nos membros

Ao perceber esses sinais, a melhor decisão é parar o veículo em local seguro e descansar.

Fonte: Portal do Trânsito | Foto: SIphotography para Depositphotos

Deixe um comentário