Evento segue até dia 29/5 e reúne autoridades, especialistas e instituições de todo o mundo para discutir soluções que tornem o transporte mais preparado frente aos riscos climáticos e aos desafios globais
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) abriu, nesta terça-feira (27/5), as portas de sua sede, em Brasília/DF, para um dos eventos mais relevantes da agenda internacional sobre transporte sustentável, resiliente e seguro: o Workshop Regional LATAM – Construindo Resiliência da Infraestrutura de Transporte. A conferência, que segue até quinta-feira (29/5), é gratuita e presencial, reunindo especialistas, representantes de governos, organismos internacionais e empresas para debater como fortalecer a infraestrutura de transporte diante dos crescentes desafios climáticos, ambientais e operacionais.
O evento é uma realização conjunta da ANTT, do Ministério dos Transportes e da Coalition for Disaster Resilient Infrastructure (CDRI). A mesa de abertura contou com a presença de autoridades como o diretor-geral da ANTT, Guilherme Theo Sampaio, o subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, a coordenadora-geral de Sustentabilidade do Ministério de Portos e Aeroportos, Rafaela Gomes, o diretor nacional adjunto do SEST/SENAT, Vinicius Ladeira, além de lideranças internacionais, como o embaixador da Índia no Brasil, Sandeep Kumar Kujur, e a diretora do CDRI, Ranjini Mukherjee.
Durante seu discurso, o diretor-geral da ANTT ressaltou que a busca por soluções resilientes não é apenas um desafio futuro, mas uma urgência do presente. Para ele, esse encontro traz não só soluções técnicas, mas também um olhar global sobre sustentabilidade, segurança e desenvolvimento.
Em sua fala, ele explicou que a proposta é fortalecer as capacidades técnicas, políticas e institucionais dos países da América Latina, promovendo estratégias regionais para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e reduzir os riscos de desastres naturais na infraestrutura de transporte e destacou que, em contrapartida, a Agência também já vem solicitando às concessionárias estudos para reforçar a resiliência dos trechos concedidos a eventos climáticos extremos, além de levantamentos técnicos para identificar áreas vulneráveis em diferentes regiões do país. Os contratos mais recentes de concessão, por exemplo, já preveem, entre as obrigações das concessionárias delimitadas nos respectivos Programas de Exploração da Rodovia (PER), a necessidade de observar padrões de desempenho socioambiental.
“A importância desse encontro reveste um olhar de política de Estado, mais do que de governo. No ano da COP30, trazer para a mesa esse alinhamento entre os formuladores de políticas públicas, os reguladores e todo o ecossistema internacional é fundamental. Não é mais sobre discutir um problema que está por vir. É sobre enfrentar os desafios que já estão presentes, que já impactam nossa infraestrutura e nossa sociedade. A ANTT tem se preparado, reestruturando seus contratos, criando uma superintendência específica de sustentabilidade e incentivando nossos regulados a terem um olhar proativo, tanto nas rodovias quanto nas ferrovias e no transporte de passageiros e cargas. Mais do que uma discussão teórica, esse evento tem como meta sair com encaminhamentos concretos, que façam a diferença para o Brasil e para a sociedade”, afirmou.
>>> Acesse aqui para ver as fotos da parte da manhã do primeiro dia <<<
A coordenadora-geral de Sustentabilidade do Ministério de Portos e Aeroportos, Rafaela Gomes, reforçou a urgência da pauta climática no setor.
“Eventos como este são essenciais para trocar experiências e compartilhar boas práticas. As mudanças climáticas já estão em curso e impõem desafios enormes, como chuvas extremas, secas prolongadas e aumento do nível do mar, que afetam diretamente a operação e a segurança das nossas infraestruturas. Estamos atuando para que a resiliência seja incorporada às políticas públicas de transporte, fortalecendo o setor diante desses riscos. Trabalhamos também no desenvolvimento da Taxonomia Sustentável Brasileira, que será referência para financiamentos de projetos alinhados às melhores práticas ambientais. Precisamos agir juntos, setor público e privado, para garantir a adaptação das nossas infraestruturas”, destacou.
O diretor nacional adjunto do SEST/SENAT, Vinicius Ladeira, destacou que o tema passa, agora, a ocupar espaço de protagonismo na agenda nacional e internacional.
“É consenso que infraestrutura é tema estratégico para qualquer país, ainda mais para o Brasil, com dimensões continentais. Até pouco tempo, esse debate não estava presente de forma efetiva, e hoje passa a ser central. A ANTT, mais uma vez, sai na frente como pioneira na proposição de políticas públicas voltadas para a resiliência, criando modelos e soluções que possam mitigar os efeitos dos eventos extremos. É uma pauta que não tem mais volta”, explicou.
O subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, fez uma reflexão contundente sobre a importância de transformar discurso em prática e reconheceu a atuação da ANTT e da gestão, em especial do diretor-geral, Guilherme Theo Sampaio, e do diretor Felipe Queiroz, que lidera a pauta de sustentabilidade na Agência.
“O diretor-geral da ANTT, Guilherme Theo Sampaio, é um gestor disruptivo, que entrega soluções e foca na antecipação dos riscos. O que estamos discutindo aqui não é retórica, é realidade. O episódio das enchentes no Rio Grande do Sul nos traz uma pergunta urgente: será que aprendemos a lição? Planejar uma infraestrutura resiliente significa precificar riscos, antecipar problemas, proteger vidas e garantir que a economia não pare. Desastres não apagam histórias, mas aprofundam vazios existenciais. A atuação da ANTT e de seus diretores demonstra que esse tema, que muitos ainda tratam como narrativa, aqui é tratado como compromisso real. É preciso coragem para deixar de lado o discurso vazio e construir soluções”, disse.
Programação e debates
Logo no primeiro dia, um dos painéis mais aguardados abordou a interdependência das infraestruturas críticas, com mediação da diretora do CDRI, Ranjini Mukherjee. Participaram especialistas do Japão (JICA), Alemanha (GIZ), Brasil (USP e Aeronáutica), além de consultores internacionais. O debate destacou como os sistemas de transporte estão diretamente conectados a setores como energia, segurança e meio ambiente — e como a resiliência desses sistemas impacta a vida das pessoas.
Outros temas debatidos foram financiamento de projetos resilientes, uso de seguros na mitigação de riscos e os desafios na governança para garantir que rodovias, ferrovias, portos e aeroportos estejam preparados para enfrentar eventos extremos.
Na quarta-feira (28/5), as atenções se voltam para os setores rodoviário e ferroviário, com participação do Diretor da ANTT, Felipe Fernandes Queiroz, que irá moderar o painel sobre adaptação e resiliência nesses sistemas. Também estão previstas discussões sobre os desafios e soluções para portos e aeroportos, com a presença de especialistas internacionais da Austrália, Índia, Holanda, Reino Unido e de organismos como a ONU e o Banco Mundial.
Na quinta-feira (29/5), o evento se encerra com workshops técnicos, alinhando práticas e experiências globais às necessidades e realidades dos países da América Latina.
Liderança brasileira na agenda global
Ao sediar este workshop, a ANTT reforça seu protagonismo na construção de um modelo de transporte mais sustentável, seguro e resiliente, consolidando o Brasil como referência nas discussões internacionais sobre infraestrutura adaptada às mudanças climáticas.
Em 2024, a ANTT oficializou o seu Programa de Sustentabilidade, com base na Resolução nº 6.057/2024, resultado de audiência pública. A iniciativa visa alinhar as concessões de rodovias e ferrovias federais às políticas públicas mais recentes e à agenda ESG, com foco na proteção ambiental, redução de emissões, prevenção de impactos socioambientais e promoção da resiliência climática. O programa estabelece diretrizes para garantir que o desenvolvimento da infraestrutura de transporte terrestre ocorra de forma sustentável, segura e com qualidade para os usuários.
“Estamos falando de impactos que chegam diretamente à vida de cada cidadão, seja no transporte de cargas, na mobilidade das pessoas ou na segurança de quem utiliza nossas rodovias e ferrovias. Tornar a infraestrutura mais resiliente é cuidar do presente e garantir o futuro”, concluiu o diretor-geral da ANTT, Guilherme Theo Sampaio.
Fonte: Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT | Foto: Rebeca Takechi / Comunicação ANTT
Deixe um comentário