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Especialistas discutem políticas e instrumentos para a descarbonização do transporte, durante o 10º Fórum CNT de Debates

Publicado pela ABTLP
Participaram integrantes das áreas de Meio Ambiente e Transportes, além de representantes do BNDES, Petrobras e da CNT

O painel Brasil e a Transição Energética no Transporte, realizado durante o 10º Fórum CNT de Debates, reuniu representantes do governo federal e da Petrobras para discutir os caminhos da descarbonização no setor transportador. O encontro ocorreu no dia 23, na sede do Sistema Transporte, em Brasília, e foi conduzido por Vinicius Ladeira, diretor do Sistema Transporte e líder do projeto Transporte e a COP30.

Participaram da mesa Aloisio Lopes Pereira de Melo, secretário nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente; Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES; George Yumi, coordenador-geral de Projetos Especiais e Mudança do Clima do Ministério dos Transportes; e Raquel Campos Coutinho, gerente de Portfólio e Descarbonização da Cadeia de Valor da Petrobras.

Ao falar sobre as perspectivas do Brasil para a COP30 e as metas climáticas já assumidas, Aloisio Lopes destacou o papel estratégico do país como anfitrião da conferência e reforçou que o Brasil atualizou sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), com metas de redução de emissões entre 59% e 67% até 2035. Segundo ele, “a solução para a crise climática passa pela cooperação internacional e pela aceleração dos mecanismos de financiamento climático”. O secretário citou o Plano Clima, que define metas setoriais e medidas específicas para cada área da economia, incluindo o setor de transportes, e afirmou que o país tem condições de crescer economicamente enquanto reduz sua intensidade de carbono.

Luciana Costa apresentou as iniciativas do BNDES voltadas à transição energética e destacou que o banco se tornou o maior financiador de ônibus da América Latina, com quase R$ 5 bilhões aplicados em veículos elétricos e Euro 6. Ela defendeu uma abordagem plural, com diferentes rotas tecnológicas, e afirmou que “não existe uma solução única; a eletrificação é viável em alguns casos, mas a renovação de frota e os biocombustíveis também são caminhos importantes”. A diretora ressaltou ainda que o banco exige boas práticas de governança dos operadores financiados, promovendo transparência e redução de riscos.

Raquel Campos Coutinho afirmou que a Petrobras participou ativamente da construção do Plano Clima e que a clareza regulatória permitiu à empresa incorporar metas de descarbonização ao seu plano de negócios. “A transição é moldada pelo Estado, mas desenvolvida com os atores econômicos”, afirmou. Ela destacou o uso de soluções intermediárias, como o Diesel Renovável (DSR), que aproveita a infraestrutura existente e já contribui para a redução de emissões. Segundo Raquel, a empresa está comprometida com a inovação e com o avanço gradual da transição energética, equilibrando ciclos longos de investimento com entregas imediatas.

George Yumi apresentou a visão do Ministério dos Transportes sobre os instrumentos necessários para viabilizar a transição energética no setor e defendeu uma abordagem integrada entre os modais, com a eficiência como eixo central da política pública. Entre os mecanismos já em operação, mencionou a Portaria 622, que permite às concessionárias aplicar 1% dos investimentos em ações de resiliência e sustentabilidade. “O desafio agora é o ‘como’. Precisamos de instrumentos que tornem viável a meta de Net Zero até 2050”, afirmou. George também citou o Road Map de Negócios Sustentáveis, voltado à requalificação de ativos e à indução de novos modelos de desenvolvimento.

Encerrando o painel, Vinicius Ladeira reforçou a importância do setor transportador na agenda climática e no desenvolvimento nacional. “Não há que se falar de um país mais eficiente sem falar na eficiência do transporte, porque o agro cresce, a indústria cresce, e esses segmentos econômicos importantes acabam desaguando no transporte, que precisa ser eficiente também”, afirmou.

A décima edição do Fórum CNT de Debates contou com o patrocínio de Dunlop, Embarca, Fepasc (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina) e Abralog (Associação Brasileira de Logística).

Fonte/Imagem: Confederação Nacional do Transporte

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