As análises utilizam dados públicos e apontam fragilidades em fiscalização, educação e gestão do trânsito.
Condições das rodovias, fiscalização, gestão do trânsito e ações de educação foram os pilares avaliados pelo IRIS – Indicadores Rodoviários Integrados de Segurança, metodologia desenvolvida pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) para analisar o desempenho dos estados brasileiros no enfrentamento aos sinistros de trânsito. O levantamento traz dados que ajudam a compreender as principais fragilidades do país e fornecem subsídios para gestores públicos implementarem medidas mais eficazes de segurança viária.
O estudo permite comparações entre estados e evidencia boas práticas, além de falhas que comprometem a redução de mortes no trânsito. Os resultados completos estão disponíveis no painel interativo do IRIS, com detalhamento por eixo de análise.
Gestão da segurança no trânsito ainda é desigual
Um dos pontos centrais da pesquisa é a Gestão da Segurança no Trânsito, que revela disparidades regionais em temas como a integração dos municípios ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), a qualidade das informações no Registro Nacional de Entidades de Trânsito (RENAEST) e o nível de transparência dos Detrans.
Mesmo com a exigência legal desde 1997, milhares de municípios permanecem fora do SNT, o que os impede de exercer funções básicas como fiscalização, engenharia de tráfego e educação para o trânsito. Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul lideram a proporção de municípios integrados, enquanto Tocantins e Piauí registram os menores índices.
A pesquisa também aponta que dados do RENAEST estão desatualizados ou inconsistentes, dificultando diagnósticos locais e comprometendo a formulação de políticas públicas. Além disso, apenas sete estados mantêm informações claras e acessíveis em seus portais oficiais. No extremo oposto, Roraima e Pará sequer disponibilizam dados básicos sobre a estrutura de trânsito.
Ranking Gestão da Segurança no Trânsito:
- Melhores desempenhos: Distrito Federal, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
- Desempenhos mais críticos: Rio Grande do Norte, Roraima, Piauí, Pará e Amapá.
Educação: fiscalização ou aumento de infrações?
O pilar Educação analisou o comportamento dos motoristas e a atuação dos órgãos fiscalizadores em cinco indicadores-chave:
- Condutores x Frota: Santa Catarina e São Paulo apresentam bom equilíbrio entre habilitados e veículos. Já Maranhão e Piauí têm descompasso, o que pode indicar condução por não habilitados.
- Alcoolemia ao volante: Acre, Rondônia e Mato Grosso lideram autuações por dirigir sob efeito de álcool. Já Ceará e Rio de Janeiro aparecem com baixos índices, que podem refletir falhas na fiscalização.
- Excesso de velocidade: o Distrito Federal, Goiás e Rio de Janeiro, que contam com fiscalização eletrônica robusta, apresentam altas taxas de autuação.
- Uso da cadeirinha: Roraima, Amapá e Mato Grosso registram mais flagrantes por falta de dispositivo de retenção infantil. Piauí, Maranhão e Acre quase não autuam.
- Uso do celular ao volante: Goiás, Rio de Janeiro e Bahia lideram as autuações; Tocantins e Rondônia registram números próximos de zero.
Ranking Educação:
- Melhores desempenhos: Rio Grande do Sul, Tocantins e Santa Catarina.
- Piores desempenhos: Piauí, Roraima e Amazonas.
Fiscalização deficiente em vários estados
Na área de Normatização e Fiscalização, o levantamento aponta que a presença de tecnologia de monitoramento e a capacidade de processar infrações variam muito pelo país. Três indicadores foram analisados:
- Taxa de infração por frota: Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás têm os maiores índices, sinalizando fiscalização ativa. Acre, Amazonas e Roraima registram baixíssimas autuações.
- Taxa de câmeras por frota: o Distrito Federal, Goiás e Tocantins lideram em cobertura tecnológica, enquanto Amazonas, Acre e Rondônia têm estrutura mínima.
- Velocidade x câmeras: Rio Grande do Sul, Tocantins e Roraima mostram uso eficiente da tecnologia, enquanto Amazonas, Rondônia e Rio de Janeiro apresentam pouca efetividade.
Ranking Fiscalização:
- Melhores desempenhos: Distrito Federal, Goiás, Ceará, Rio de Janeiro e Tocantins.
- Desempenhos mais críticos: Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Maranhão.
Ranking geral: os estados mais seguros e os mais críticos
Com base no cruzamento dos resultados de Gestão, Educação e Fiscalização, é possível identificar os estados que mais se destacam positivamente e aqueles que enfrentam maiores desafios.
- Melhores desempenhos gerais: Distrito Federal, Goiás, Rio Grande do Sul, Tocantins, Santa Catarina e São Paulo.
- Desempenho intermediário: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.
- Piores desempenhos gerais: Piauí, Roraima, Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão e Rio Grande do Norte.
Esse ranking geral reforça que, enquanto algumas unidades da federação apresentam avanços consistentes em gestão e fiscalização, outras ainda carecem de estrutura básica para garantir a segurança viária.
Outros eixos avaliados
Além de gestão, educação e fiscalização, o estudo também contemplou pilares como Vias Seguras, Segurança Veicular, Vigilância e Promoção da Saúde e Atendimento às Vítimas. Todos os dados e classificações estão disponíveis no painel interativo do IRIS.
Fonte: Portal do Trânsito | Foto: Ranimiro para Depositphotos

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