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TRADING VAI MOVIMENTAR PARTE DE SEUS GRÃOS COM FROTA PRÓPRIA: SÃO 300 CAMINHÕES SCANIA

Publicado pela ABTLP

A safra de grãos 2019/2020 deve chegar a 238,4 milhões de toneladas. Isso representa um crescimento de mais de 10 milhões de toneladas na comparação com a anterior. A estimativa é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada dia 11 de dezembro. Com um pouco de sorte, será possível bater o recorde histórico de 238,8 milhões de toneladas da safra 2017/2018.

O escoamento dos grãos tende a ser mais cadenciado, segundo o pesquisador Fernando Rocha, do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/log), da USP. “A safra passada foi muito atrasada. Esta será antecipada. O volume que chegará em janeiro nos terminais portuários deve ser o dobro do que chegou em janeiro de 2018”, afirma.

Coordenador do Movimento Pró-logística de Mato Grosso, Edeon Vaz Ferreira também afirma que a movimentação da soja será melhor distribuída na nova safra. Mas diz que a maior parte do volume da oleaginosa será entre fevereiro e final de maio, como de costume. “Teremos colheita em janeiro, mas será direcionada mais ao mercado interno, ou seja, à indústria de esmagamento que existe em Mato Grosso”, alega.

A nova safra contará com uma novidade na logística. Em fevereiro de 2019, a Amaggi, uma das maiores tradings do País, começa a receber os caminhões Scania que comprou em novembro. São 300 unidades no total. Devido à tabela de frete, implantada pela lei 13.703, outras empresas que trabalham com exportação de grãos ameaçam adquirir frota para elas mesmas transportarem suas cargas.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a Cargill confirmou que fez a cotação de 1.000 unidades. E a a cooperativa paranaense Coamo, uma das maiores do país, confirmou a compra de 500 caminhões em 2018.

Miguel Mendes, diretor executivo da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso (ATC), não acredita que isso seja uma tendência. “São empresas com ações na Bolsa e devem satisfação para os investidores. O transporte de cargas, como todos sabem, tem muitos problemas que podem prejudicar a imagem delas”, diz o diretor.

Ele cita como exemplos os riscos de motoristas serem flagrados sob efeito de drogas ou com excesso de horas trabalhadas. “São problemas não muito fáceis de controlar, que as transportadoras enfrentam. Mas, imagine isso acontecendo com uma companhia dessas. Será motivo de escândalo”, afirma.

Para Mendes, quando as tradings dizem que vão implantar frota própria, elas estão na verdade fazendo pressão sobre os caminhoneiros, que lutam pela manutenção das tabelas de frete. Elas estão em vigor desde o final da greve dos caminhoneiros em maio, mas são alvo de ações de inconstitucionalidade (adins) apresentadas por representantes de embarcadores, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e também de uma associação de empresas de transporte de grãos em Ribeirão Preto, a ATR.

As adins ainda não foram julgadas pelo STF. . Mas sua permanência no governo Bolsonaro ainda é incerta. De um lado, a nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quer que as tabelas sejam revogadas. Do outro, o novo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, quer mantê-las pelo menos por algum tempo.

De acordo com Miguel Mendes, durante o pico da safra, as tabelas não fazem muita diferença. “Nessa época, o mercado paga fretes acima dos valores mínimos definidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”, alega. Mas, na entressafra, elas têm sido um alento para os caminhoneiros.

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