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Presidente da ABTLP fala sobre os desafios de transportar produtos perigosos

Publicado pela ABTLP

José Maria Gomes fala também sobre a importância do setor de transportes para a economia brasileira

A Associação Brasileira de Transportes e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP) é uma das entidades mais importantes do transporte brasileiro e o seu presidente, José Maria Gomes, em entrevista ao Portal On Truck citou os desafios que é transportar produtos químicos, combustíveis, gases e corrosivos. Além disso, José Maria Gomes falou ainda sobre o trabalho do setor durante a pandemia. Confira a seguir a entrevista

On Truck – Quando a Associação Brasileira de Transportes e Logística de Produtos Perigosos surgiu?
José Maria Gomes – A ABTLP surgiu em 16 de outubro de 1998, tendo como motivação a necessidade de um grupo de transportadores de combustíveis criar uma entidade para representá-los juntos ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP). Com isso acharam oportuno e necessário a criação de uma associação para as negociações tarifárias no transporte de produtos perigosos.

Essa entidade então foi congregada inicialmente pelos transportadores de combustíveis que na época eram coligados aos distribuidores de petróleo. Sua criação, inclusive, aconteceu em um congresso da NTC&Logística em Salvador, tendo sua sede inicial no Rio de Janeiro, mas logo em seguida veio toda desregulamentação na distribuição de petróleo, então os transportadores de combustíveis perderam a motivação de manter a entidade, fazendo com que o diretor da sucursal em São Paulo da época, José Tardivo, colocasse para um grupo de transportadores uma proposta para trazer a matriz para a capital paulista, quando se deu a maior concentração de transportadoras de produtos químicos. Com a breve passagem de Tardivo, se iniciou um longo ciclo de sucessivas reeleições do presidente Paulo de Tarso Martins Gomes, que consolidou a ABTLP como representante legítima dos transportadores de produtos perigosos.

Hoje somos uma entidade conhecida nacionalmente, nossa filiação na CNT em 2019, fez com que assumíssemos maiores responsabilidades, temos dado suporte para vários sindicatos federações e temos trabalhado juntos no sentido de fazer aquilo que é importante, disseminar conhecimentos da legislação do transporte de produtos perigosos à todo setor de transporte rodoviário do Brasil, que ainda é uma legislação muito regulamentada e de muita responsabilidade, com penalidades muito pesadas para quem comete uma falha, seja humana ou operacional, dependendo do tamanho do dano causado.

On Truck – Qual o principal objetivo da ABTLP?
José Maria Gomes – O objetivo da ABTLP é continuar atuando para melhorar o ambiente de negócio do transportador de produtos perigosos. Temos também um grupo chamado Projeto 25, feito por jovens empresários e filhos de empresários, que estão trabalhando no sentido de construir programas de qualificação contínua para o segmento, ampliar o número de associados e contribuindo de forma bastante efetiva no dia a dia dos nossos associados.

On Truck – E como a ABTLP está enfrentando a pandemia da Covid-19?
José Maria Gomes – Foi alinhado com os associados o protocolo criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando a proteção de nossos colaboradores, em especial os condutores, os quais se encontravam mais expostos. Tivemos um baixíssimo nível de contaminação e casos fatais. E atuamos na rede solidária para o transporte de um milhão de litros de álcool, destinado ao Ministério da Saúde em conjunto com a UNICA e com o Sindicato Nacional da Empresas Distribuidoras de Combustíveis de Lubrificantes (SINDICOM).

Tivemos também uma ação direta com nossos associados, reduzindo nossa contribuição associativa em 50% nos meses de maio, junho e julho. Também criamos uma comissão de requisitos legais, que se reúne via Zoom, que em primeiro momento tinha como objetivo dar conhecimento aos colaboradores dos nossos associados que operam no dia a dia, informações de todas deliberações que ocorreram em decorrência da pandemia.

On Truck – Qual a importância da ABTLP para o setor de transportes no Brasil?
José Maria Gomes – Temos uma entidade que represente o setor de produtos perigosos, no transporte rodoviário de carga (TRC), que na sua longa jornada desempenhou e desempenha um papel importante nas atualizações e implementações de legislações, não descuidando da sua importância no cuidado do ambiente de negócios do segmento de produtos perigosos, o que tem feito com excelência nesses 22 anos de existência.

On Truck – Como a ABTLP analisa o atual cenário econômico do Brasil?
José Maria Gomes – Com essa pandemia é evidente que fomos bastante afetados, mas o setor de produtos perigosos, sendo produtos químicos, combustíveis, gases, corrosivos e outros, na verdade tivemos bastante trabalho durante a pandemia, pois são produtos necessários e essenciais na produção de itens para o agronegócio, higiene domiciliar ou pessoal, e medicamentos.

Falando da economia como um todo eu vejo com uma certa preocupação, pois evidentemente não conseguimos avançar com as reformas e temos tido uma certa dificuldade de equilibrar nosso balanço de pagamento. O governo está deixando de pagar o coronavoucher, então existe uma grande preocupação como se dará a economia sem as reformar e sem os recursos.

Existe sim alguns sinais de otimismo de que nós teremos no próximo ano uma economia em crescimento, mas ainda é uma coisa que não podemos dar com tanta certeza.

On Truck – Quais os planos para futuro da ABTLP?
José Maria Gomes – A ABTLP estará sempre buscando inovar e se articular para juntar forças, e estabelecendo com órgãos públicos principalmente os reguladores do setor.

Temos as legislações de transporte de produtos perigosos, ambientais e de transportes rodoviários de cargas que estão passando por atualizações e isso vai fazer com que a ABTLP tenha um papel importante de entender rapidamente o que as autoridades pretendem e transmitir para nossos associados.

Em relação à entidade temos planos de refazer nosso planejamento para os 30 anos, já que estamos próximos dos 25 e queremos fazer que nossa entidade ganhe mais capacitação técnica, para melhorar e incrementar o serviço a nossos associados.

Por sermos uma entidade de nicho teremos sempre as atualizações das legislações, mas também temos muitas coisas pendentes a serem trabalhadas no âmbito legislativo, sendo que um dos nossos principais objetivos é reenquadrar o produto perigoso que está previsto na lei de política ambiental como alto poluidor, para pequeno poluidor.

Fonte: On Truck

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