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Planejar o Pecém

Publicado pela ABTLP

porto do pecémO impulso de crescimento do Porto do Pecém demonstra a necessidade de se planejar, com urgência, a faixa litorânea oeste e o seu entorno. Ao contrário do projeto do Distrito Industrial de Maracanaú, lançado com as bases físicas delimitadas, Pecém carece de infraestrutura urbana.

Distrito de São Gonçalo do Amarante, situado no raio de 50 quilômetros da Capital, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém não possui plano diretor para ordenar seu desenvolvimento acelerado, como vem ocorrendo nos últimos tempos. Parece pouca crença no empreendimento de grande dimensão instalado na vila de pescadores do mar.

Lançado há 25 anos, o polo concentrador das indústrias de base do Ceará, de tão grande, passou a dividir suas finalidades com o município de Caucaia, situado na vizinhança. Em consequência, as oito empresas funcionando e outras oito em implantação representam investimento de R$ 14,6 bilhões na região.

Uma ideia próxima do novo mercado gerador de empregos no Pecém resulta dos 20 mil postos de trabalho previstos na primeira etapa, com estimativa de alcançar 23 mil colocações diretas e indiretas, em 2015. Cinco dessas empresas pioneiras se localizam no território de São Gonçalo do Amarante e três no de Caucaia, com repercussões econômicas e sociais para os dois municípios.

Fruto de improvisações, observam-se as consequências delas na beira de praia do Pecém, pela ausência de estrutura adequada para acomodar uma quantidade expressiva de trabalhadores deslocados para o funcionamento das primeiras empresas. Esse fluxo migratório tende a crescer, na medida da abertura de outros canteiros de obra.

A tranquila base de atividade pesqueira artesanal perdeu o acanhado estilo de vida, e está sendo ocupada por trabalhadores nacionais e estrangeiros, acomodados em suas instalações operacionais. Ainda assim, essa massa de migrados vem buscando serviços nas praias do Cumbuco, Tabuba e Icaraí, onde há oferta de imóveis para aluguel, restaurantes, farmácias, escolas e lojas comerciais.

Os benefícios do progresso estão sendo bem partilhados com as comunidades litorâneas nesse movimento de assentamento dos visitantes no entorno de seus postos de trabalho. Os meios de transportes oferecidos pelas empresas possibilitam o deslocamento, tanto pela manhã, como à noite, depois da jornada de trabalho. Assim, o giro comercial vem melhorando as trocas mercantis e aumentando o consumo dos serviços básicos.

O Estado anuncia a construção, neste primeiro semestre, de uma estrutura do poder público, integrada por serviços essenciais, para superar as dificuldades enfrentadas pelos pioneiros. Caberá a essa unidade administrativa planejar o crescimento urbano, projetar suas carências e viabilizar a oferta do mínimo de órgãos públicos indispensáveis para atender à demanda local.

Entre os oito projetos industriais em implantação, o destaque é para a produção de siderurgia, energia elétrica à base de carvão e de gás natural, indústria química, material de construção, pás mecânicas para geração de energia eólica e indústria metal-mecânica.

Dentre os 23 projetos em tramitação na Assembleia Legislativa propondo a criação de novos municípios, o do Pecém seria o único viável, exatamente pelos altos investimentos no seu território. Mas não há necessidade de dar-lhe autonomia, pelo menos, por enquanto, pois o distrito carece de urbanização e a gestão fiscal do Município sede é líder no País, um exemplo digno de ser imitado.

Fonte: 15/1/2013 – Diário do Nordeste – CE

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