Nascido em 25 de janeiro de 1944, PAULO DE TARSO MARTINS GOMES era capixaba, mas foi criado no Rio de Janeiro, mudando-se com a família para São Paulo em 1981. Era casado com Vera Lúcia Monken Gomes, com quem teve duas filhas, Patrícia e Renata e três netas Gabriela, Tathiana e Helena.
Paulo de Tarso era Engenheiro Mecânico, formado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, no ano de 1970. Dotado de uma memória impressionante, era comprovadamente uma pessoa com capacidade cognitiva acima do normal. Conhecia muito sobre tudo.
Iniciou sua vida profissional muito jovem, aos 14 (quatorze) anos numa editora de propriedade do jornalista Amaral Neto. Prestou concurso público e aos 20 (vinte) anos, ingressou na Petrobras – REDUC, como ajudante de Operador, passando posteriormente a Operador.
Em 1968 ingressou na Foster Wheeler, como estagiário de Engenharia, sendo efetivado em 1970 assumindo o cargo de Engenheiro Especialista, depois Coordenador de Projetos e Gerente de Contratos.
Em 1977 ingressou no Grupo Ultra, onde trabalhou por 28 (vinte e oito) anos, exercendo as funções de Gerente de Engenharia, Gerente Geral, Superintendente de Operações, Diretor Gerente e Diretor Superintendente. Por onde passava, com seu jeito paternal e austero, Paulo de Tarso formava profissionais e os considerava como “filhos”.
Como principais atividades desenvolvidas nas funções exercidas, destacam-se:
– Na Petrobras: Operações de Unidades (Processo, Utilidades e Estocagem);
– Na Foster Wheeler: Projetos Industriais de Grande Porte, como: REDUC, PROSINT, COPEB (atual FAFEN), REPLAN, FAFER, RLAM, Unidades de Lubrificantes, Armazenagem de Produtos;
– NO Grupo Ultra: Implantação das Empresas de Transporte Especializado (TRANSULTRA) e de Armazenamento (TEQUIMAR). Direção e Acompanhamento de Terminais Especializados na Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo. Operação e Administração de Terminais e Instalações de Terceiros (Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia).
Em 2006 iniciou atividades como Consultor Empresarial, onde realizou diversos trabalhos como o Desenvolvimento de Projetos junto a empresas como: Suzano, Petroquímica, Oxiteno, Dupont e Dalçóquio.
Participou ativamente em diversos Fóruns que desenvolvem Regulamentos e Normas Técnicas relativas a Logística de Produtos Perigosos, tais como: IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Combustíveis, ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química, ABICLOR – Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados, ABPCEA – Associação Brasileira de Prevenção e Controle de Emergências Ambientais, ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre, Governos Estaduais, Prefeituras Municipais, INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Fórum do Transporte Rodoviário de Cargas (Ministério dos Transportes), CNT – Confederação Nacional dos Transportes, etc.
Presidente da ABTLP – Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos desde 2001, reeleito para o triênio 2017/2018/2019.
Paulo de Tarso esteve presente em diversos momentos importantes e decisivos do Setor de Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, antes mesmo da regulamentação. Era comum em suas palestras narrar os primeiros movimentos que culminaram na elaboração da relação de “produtos especiais”, como eram consideramos na época os produtos classificados como perigosos. Razão pela qual o curso MOPE, originalmente era escrito com “PE” que significava Movimentação de Produtos Especiais, posteriormente alterado para MOPP – Movimentação de Produtos Perigosos. O conteúdo programático do atual Curso MOPP teve a participação direta de Paulo de Tarso.
Profissional dedicado, comprometido, de conduta irrepreensível, estava sempre disposto a colaborar nas questões que envolvessem a melhoria para o transporte rodoviário de cargas, principalmente de produtos perigosos.
Atuou na elaboração dos RTQ – Regulamento Técnico da Qualidade e RAC – Requisitos de Avaliação da Conformidade, enviando minuta de Portarias ao INMETRO. Recentemente estava coordenando um Grupo de Trabalho na elaboração de uma Minuta de RTQ para Inspeção na Construção de Equipamentos com Pressão Máxima de Trabalho Admissível de 200 kPa para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos Pulverulentos a Granel em Silos ou Tanques de Carga.
Desde 1998 era Coordenador do Grupo de Trabalho que desenvolve e atualiza a Norma Brasileira de Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis (ABNT NBR 17505, partes 1, 2, 3, 4, 5, 6, e 7). Estava coordenando, desde 2013 a revisão da Norma ABNT NBR 7821 – Tanques Soldados para Armazenagem de Petróleo e Derivados.
Participou em diversos Grupos de Trabalho que elaboram Normas Técnicas, como: ABNT/CB-09 (Comitê Brasileiro de Gases Combustíveis) ABNT/CB-16 (Comitê Brasileiro de Transporte e Tráfego), ABNT/CB-23 (Comitê Brasileiro de Embalagem e Acondicionamento, ABNT/ONS-34 (Organismo de Normalização Setorial de Petróleo), ABNT/CB-39 (Comitê Brasileiro de Implementos Rodoviários), ABNT/CB-50 (Comitê Brasileiro de Materiais, Equipamentos e Estruturas Oceânicas para Indústria de Petróleo e Gás Natural).
Como membro da Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos no Estado de São Paulo, colaborou em diversos Grupo de Trabalho, assim como auxiliou na instalação das Subcomissões nas regiões da Baixada Santista, Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto, Alto Tietê, Sorocaba, Vale do Ribeira, Vale do Paraíba e região Metropolitana de São Paulo.
Também foi Conselheiro do CEDATT (Conselho Estadual para a Diminuição de Acidentes de Trânsito e Transporte) e membro do GPT Dutra (Grupo Paritário de Trabalho da Rodovia Presidente Dutra), constituído em 2003 com o objetivo de identificar os principais problemas e discutir soluções para a Via Dutra. Como também do GPT Regis e GPT Fernão Dias.
Esteve por diversas vezes à frente de discussões de interesse do Setor de Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, como na contestação à LETPP – Licença Especial de Transporte de Produtos Perigosos na cidade de São Paulo, onde a ABTLP mantém um pleito solicitando a revogação do Decreto Municipal nº 50.446/09, por entender ser inconstitucional.
Em 2013, o IBAMA divulgou o texto da Minuta de Instrução Normativa que instituiria o Sistema Nacional de Transporte de Produtos Perigosos – SNTPP. Na ocasião houve grande discussão por conta da proposta apresentada, considerada pelo Setor como impossível de ser atendida. Depois de inúmeras reuniões e discussões, foi sugerido apresentar ao IBAMA uma Operação Logística. Paulo de Tarso fez contato com algumas indústrias e transportadoras, tornando possível a visita do IBAMA. A visita foi extremamente importante para que o Instituto entendesse as implicações da implantação do SNTPP no formato proposto. A Instrução Normativa foi postergada.
Esteve presente na elaboração da Carta de Santos – 2015, documento conclusivo com o resumo das propostas apresentadas no Fórum “Acidente em Alemoa – O que ocorreu e o que precisa mudar”.
Em fevereiro de 2015, a ANTT publicou a Audiência Pública 004/16 – Atualização Integral da Resolução ANTT nº 420/04 e Paulo de Tarso esteve presente, em março de 2016 na Sessão Pública Presencial, em Brasília e pode, mais uma vez, representar o Setor defendendo seus interesses. Todo esse processo, posteriormente, culminou na Resolução ANTT nº 5.232/16.
Foram muitos os trabalhos desenvolvidos por este, que foi, sem sombra de dúvida, o maior e mais dedicado líder e professor que o Setor de Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos já teve.
Sua ausência acarretará uma grande lacuna e responsabilidades. Seu legado, seus princípios e espirito de liderança permanecerão nos inspirando para levarmos adiante seu competente trabalho.
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