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IPVA maior dos caminhões em 2022 vai impactar preço do frete no Brasil

Publicado pela ABTLP

Mais caro, IPVA 2022 entra no custo repassado ao cliente, mas não seria um problema caso a infraestrutura nas vias brasileiras fosse boa

O Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) não costuma impactar tanto no custo de transporte. Entretanto, quando observada a soma dos demais gastos de uma frota, o imposto pesa sobre a operação. Por isso, há empresas que começam a se preparar meses antes para o pagamento do tributo anual obrigatório.

Assim ocorre na Transportadora Andrade, segundo o CEO da companhia Antônio Lodi. O executivo afirma que, tão logo faz o pagamento do imposto dos 110 caminhões da frota, já começa a se provisionar para o pagamento do ano seguinte. Dessa forma, não há surpresas quando chegam os boletos. Ademais, Lodi, que emplaca todos os veículos em Minas Gerais, Estado de origem da transportadora, costuma fazer o pagamento do imposto à vista. Assim, obtém desconto que, segundo o empresário, mesmo sendo em torno de 5%, faz a diferença no montante da frota.

Seja como for, o IPVA representa um custo mensal em torno de R$ 200 a R$ 300 mensais por veículo na frota da Transportadora Andrade. Contudo, somando-se os demais gastos como combustível, pneus e manutenção, o imposto é custoso. E ficou ainda mais em 2022.

“Mas se esses recursos fossem bem destinados, não haveria problema em pagar. Ocorre que, teoricamente, parte dos valores do IPVA deveria ser destinada à melhorias da infraestrutura. Contudo, outra parte dos meus custos com frota ocorre justamente porque as estradas são ruins e estragam os meus veículos”, aponta Lodi.

Vale ressaltar que o valor gasto com o IPVA é revertido em melhorias e na manutenção das ruas e das estradas. Mas também parte dos recursos são destinados às áreas da saúde, educação, bem como segurança pública.

Na Braspress IPVA custa R$ 120 mil mensais


Do mesmo modo pensa o diretor financeiro e administrativo da Braspress, Giuseppe Dimas de Coimbra (foto). O executivo afirma que o IPVA é um imposto que ainda gera dúvidas quanto à sua destinação.

“Sabemos como esse imposto vai para os cofres públicos, mas não como ele volta para a sociedade. Quero dizer, quais os benefícios reais que ele traz para a sociedade. Eu não julgo o IPVA. Mas do ponto de vista da tecnologia, vejo que o Estado está bem aparelhado para fazer com que esse imposto seja cobrado”, diz o executivo.

Na ponta do lápis, o tributo representa 1,5% dos custos com a frota da companhia na manutenção dos caminhões. Mas, se colocar o combustível na conta, entre outros gastos, o custo com IPVA cai para em torno de 0,95%. Parece pouco. Entretanto, em 2021, o imposto representou cerca de R$ 1,4 milhão, o que se traduz em custos mensais da ordem de R$ 120 mil.

Ou seja, é um custo significativo mesmo com o pagamento do imposto à vista para se beneficiar do desconto, como faz a Braspress. Vale ressaltar que a frota da transportadora é uma das maiores do País, gira em torno de 2 mil veículos. Dos quais 1 mil pagam o imposto.

Todavia, Coimbra explica que, na composição do preço do frete, a transportadora coloca todos os custos. Entre eles, o IPVA. Nesse sentido, o diretor da Braspress explica que, como o mercado não está pagando, a transportadora investiu em tecnologia e recursos humanos para fazer conta. “Assim, tentamos absorver o que é possível e negociar valores com os clientes, porque precisamos ser competitivos. Porém, há custos que não conseguimos reduzir, tampouco absorver. Ou seja, na hora da composição do preço, o IPVA é um custo relevante, porque não escapamos dele”, diz.

IPVA gera impacto para o pequeno frotista
Com apenas três caminhões na frota, o empresário e influenciador, Wagner Farah, da SoroFret, de Sorocaba (SP), concorda que o IPVA está na conta dos custos com o transporte, apesar de não representar tanto em relação aos outros gastos. Por isso, não representa tanto no repasse do frete ao cliente. Mas ele está embutido no preço final.

Ademais, para Farah, faz mais sentido dividir o valor do imposto no máximo de parcelas permitido. Porque, segundo o microempreendedor, com os reajustes no valor do imposto em relação a 2021, dividir o pagamento dá condições de programar melhor as contas. Além disso, o desconto no pagamento à vista, no seu caso, é modesto.

Mesmo assim, segundo Farah, com os constantes aumentos do diesel e de insumos para os veículos, como peças e pneus, Farah estima que não terá como não reajustar o frete. “E o IPVA 2022 vai entrar na conta. Na soma de tudo, acredito que minha operação tenha ficado 30% mais cara. O desafio será repassar isso. Porque se eu absorver a conta não fecha”, diz.

Fonte: Estradão

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