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Australianos querem zerar mortes em acidentes com caminhões até 2025

Publicado pela ABTLP

No 3º Fórum Nacional de Segurança Viária, CEO da ATA defende antecipação da meta estabelecida pela Austrália para 2050

A Australian TruckingAssociation (ATA) quer antecipar para 2025 a meta da indústria australiana de caminhões de de zerar as fatalidades em acidentes até 2050. Foi o que contou Michael Deegan, CEO da entidade, durante o 3º Fórum Nacional de Segurança Viária organizado pelas empresas Raízen e Trimble, que ocorreu de forma digital na quarta-feira (17) e quinta-feira (18).

“A ATA está atualmente considerando o que precisaria acontecer para reduzir a zero mortes até 2025. Trata-se de uma redução de 25% em fatalidades e lesões em acidentes envolvendo veículos pesados, a cada ano, pelos próximos quatro anos. Potencialmente, uma meta muito mais ambiciosa, que tem benefícios óbvios para a segurança”, afirma o CEO.

Durante sua participação no evento, ele salientou as semelhanças entre Brasil e Austrália por serem ambos países de grande extensão territorial e contar com predominância do modal rodoviário em suas matrizes de transporte.

Ele disse que, no ano passado, 170 pessoas morreram no país vítimas de acidentes com envolvimento de veículos pesados. E que esse número era de 205 em 2011. “Isso representa um declínio suave do número de fatalidades de cerca de 2,5% a cada ano em mortes e em feridos graves.”

No Brasil, as vítimas fatais de acidentes envolvendo caminhões também caiu bastante no período – de 4.361 para 2.631, segundo o Atlas da Acidentalidade no Transporte Brasileiro, do Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST). Guardadas as proporções, o problemas brasileiro ainda é bem maior do que o da Austrália, que tem uma extensão territorial não muito inferior à brasileira (são 7,692 milhões de quilômetros quadrados contra 8,516 milhões de quilômetros quadrados), mas uma população 10 vezes menor. São apenas 21,2 milhões de australianos conta 212 milhões de brasileiros.

“Na indústria de transportes da Austrália, somos cerca de 50 mil operadores. Não sei como isso se compara com o Brasil. Cerca de 200 mil funcionários estão engajados na indústria. 90% dos contêineres de nossos portos são movidos por caminhões”, conta Deegan.

O país tem mais de 660 mil caminhões – 190 mil deles são leves rígidos, 365 mil são pesados rígidos e 110 mil são articulados. “Temos combinação de semirreboques, bi-trens, treminhões e trens rodoviários. Os caminhões estão ficando maiores, mais longos e creio mesmo que vamos ter que passar em breve para os caminhões de 2,6 metros de largura – atualmente são 2,5 metros.”

Ele ressalta que o governo australiano vem investindo em infraestrutura rodoviária para alcançar a meta de zerar as mortes em acidentes com caminhões. “O Escritório de Segurança Viária financia novas obras de infraestruturas rodoviárias com a exigência de que essas obras melhorem as estradas para receber, pelo menos, 3 de 5 estrelas usando algumas das orientações do RS Guide (Guia de Segurança Viária)”, declara.

O CEO acrescenta mais uma semelhança entre os dois países. “Não há áreas de descanso suficientes para nossos motoristas. Elas não estão bem posicionadas o suficiente. Então, se você está indo de Perth para Adelaide, que são 2 a 3 dias de viagem, não há muitos lugares para encostar.”

E ainda há questões climáticas a serem enfrentadas. “No meio dessa viagem, você pode ter lugares, como a pequena cidade de Ucla, em que muitas vezes a temperatura chega a 50 graus celsius durante o dia, no verão. Não é um bom lugar para parar e descansar – mesmo que você esteja em seu caminhão com ar-condicionado.”

Ele considera que esses fatores aumentam a fadiga do motorista e põem em risco a segurança viária. “Obviamente, a segurança dos motoristas é um elemento muito importante do trabalho em que estamos envolvidos. A Comissão Nacional de Transportes da Austrália está revisando e preparando uma nova lei nacional de veículos pesados e um grande foco é a segurança dos motoristas.”

Uma das preocupações é com a saúde e a aptidão do motorista. Ele ressalta que a apneia do sono é um problema de saúde que afeta especialmente os caminhoneiros e contribui para tornar o trânsito mais perigoso. “Pesquisas recentes aqui mostram que 41% dos motoristas de longa distância são afetados pela apneia do sono, sentindo-se sonolentos durante o dia.”

Outra frente em que as autoridades australianas estão trabalhando, segundo ele, diz respeito a diabetes. “Os caminhoneiros da Austrália representam mais de 8% das pessoas afetadas pelo diabetes, em comparação com a comunidade geral, de 5%. É um problema significativo para nossos motoristas.”

Também estão no coração do caminhoneiro. “Mais uma vez, os caminhoneiros quase dobram o padrão de apenas cerca de 3% na população geral; os caminhoneiros são bem mais de 5% da comunidade afetada pelo estresse cardíaco.”

A Austrália está limitando a jornada de trabalho dos caminhoneiros em 12 horas diárias.

Para antecipar a meta de fatalidade zero, a ATA está propondo ao governo australiano dobrar o volume de investimentos na infraestrutura das estradas.

A entidade defende soluções simples como a melhora dos acostamentos, a construção de pontos de parada e descanso e a colocação de cabos de aço separando pistas. “Não sei se vocês usam isso no Brasil, mas são muito eficazes aqui. Se você sair da estrada, o cabo de aço vai garantir que você não bata em uma árvore; então há alguma proteção em torno dos milhões de árvores que os australianos têm ao lado das estradas.”

Fonte: Carga Pesada

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